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“Nós não temos um sistema de crédito no Brasil”, afirma Fernando Haddad, ministro da Fazenda

© Valter Campanato/Agência Brasil
© Valter Campanato/Agência Brasil

Especialista indica possível saída para obter crédito

A ameaça de uma maior restrição de crédito, anteriormente sinalizada apenas por alguns agentes do mercado, se tornou mais real ainda após as falas do ministro da fazenda, Fernando Haddad, em entrevista para a CNN, na última sexta-feira (10).

O termo “credit crunch” começou a ser evidenciado nas últimas semanas e trata-se da designação de crises de crédito. Em um país onde a dificuldade de tomada de crédito já é um problema bastante latente, o fechamento repentino das ‘torneiras’ de crédito, principalmente para empresas, é algo que preocupa especialistas.

Para Luciano Bravo, CEO da Inteligência Comercial e Country Manager da Savel Capital Partners, esse cenário já era previsto e ele mesmo já vinha alertando para as possibilidades de tomada de crédito internacional, já que o mercado de crédito brasileiro dava indícios de aumentar ainda mais as dificuldades para obtenção de crédito no Brasil.

“A medida em que o próprio ministro da fazenda afirma categoricamente que o Brasil não possui um sistema de crédito, é hora de os empresários brasileiros começarem a abrir os olhos para outras possibilidades, como a tomada de crédito internacional”, enfatiza Luciano Bravo, um dos maiores especialistas em aporte de capital internacional para o Brasil.

Essa fala do especialista se dá a partir da declaração à CNN feita pelo ministro Fernando Haddad, que afirmou ser o crédito no Brasil, extremamente caro e muito ruim, algo já sabido pelo empresário brasileiro que sempre encontrou dificuldades na tomada de crédito.

O spread bancário, a grosso modo, é o ‘lucro’ obtido pelo banco em determinada operação financeira, e é ele quem determina, em grande parte, o custo do crédito. Fatores como os ruídos gerados pelo mercado, pela política e até mesmo o nível de inadimplência, de modo geral, afetam diretamente esta necessidade de aumento do spread, o que impacta diretamente no altíssimo custo para tomada de crédito e, consequentemente, torna mais difícil também as operações, já que os bancos tendem a “dificultar” mais ainda o processo de captação de recursos.

O Indicador de Custo do Crédito (ICC), divulgado pelo Banco Central (BC) apontou, em seu último levantamento, que a incerteza fiscal, entre outros fatores, pode fazer com que o crédito no Brasil, já extremamente caro, pode crescer até 8% ainda em 2023, um dos motivos que levam os especialistas a acreditarem no credit crunch, apesar de o Banco Central dizer não vislumbrar o fenômeno no Brasil, mas afirmar que monitora os riscos de isto acontecer.

“O sistema de crédito no Brasil é ruim e é não de hoje. O empresário brasileiro precisa abrir os olhos para enxergar as grandes oportunidades que possuímos com investidores internacionais, com muita vontade de aportar investimentos em empresas brasileiras”, conclui Luciano Bravo.

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