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5 passos para sair do boreout e recuperar o prazer no trabalho

Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria (Foto: Isaque Martins)
Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria (Foto: Isaque Martins)

Gestor de carreiras apresenta caminhos para contornar o comportamento marcado pela falta de desafio e propósito no ambiente profissional

boreout é um fenômeno cada vez mais observado nas organizações, caracterizado pelo esgotamento decorrente da falta de estímulo e de propósito no trabalho. O termo foi cunhado em 2007 pelos consultores suíços Philippe Rothlin e Peter Werder, a partir da junção das palavras “bored” (entediado) e “burnout” (esgotamento). A diferença entre os dois está na origem: enquanto o burnout resulta da sobrecarga, o boreout decorre da subutilização das capacidades profissionais.

Segundo Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S, startup de Educação sediada no Parque Científico e Tecnológico da Unicamp, gestor de carreiras e PhD pela Unicamp, trata-se de uma “síndrome silenciosa” que impacta diretamente a motivação e o bem-estar dos trabalhadores. “O risco maior é naturalizar o tédio, aceitar que trabalhar sem envolvimento é normal. Isso representa um desperdício do potencial criativo humano, que precisa de sentido para florescer“, afirma Santos.

Embora ainda não existam estatísticas globais consolidadas sobre a incidência do boreout, dados recentes da Gallup indicam que o engajamento global dos funcionários caiu para 21% em 2024, com os gestores apresentando a maior queda. Isso marca apenas a segunda queda no engajamento nos últimos 12 anos — um sinal preocupante para organizações que já enfrentam dificuldades de produtividade, conforme aponta o Relatório sobre o Estado do Ambiente de Trabalho Global.

A seguir, Santos elenca cinco passos que podem ajudar profissionais a identificar e superar o boreout:

1. Reconhecer sem culpa

Admitir o tédio e a falta de motivação não é sinal de fraqueza, mas de consciência profissional. “É um alerta do corpo e da mente de que algo precisa mudar. Identificar essa situação é o primeiro passo – e o mais corajoso”, explica Santos.

2. Conversar com alguém de confiança

Buscar apoio dentro da organização pode ser um caminho. O especialista sugere abordar a questão com líderes ou colegas de confiança: “Não é preciso dramatizar. Pode começar dizendo: ‘Sinto que posso contribuir mais do que estou contribuindo hoje. Podemos pensar em algo juntos?'”.

3. Propor soluções, não apenas relatar o problema

Demonstrar disposição para assumir novos desafios é essencial. Participar de projetos interdisciplinares ou sugerir melhorias em processos são alternativas. “O desejo de sair do tédio deve ser apresentado como vontade de agregar valor”, orienta Santos.

4. Criar desafios pessoais

Quando a organização não oferece oportunidades suficientes, é possível buscar desenvolvimento por iniciativa própria. “Aprender uma nova ferramenta, estabelecer metas de qualidade ou produtividade são maneiras de manter a mente ativa”, recomenda.

5. Reavaliar a trajetória profissional

Se o quadro for persistente e sem perspectiva de mudança, o especialista sugere uma reflexão mais profunda: “Este trabalho ainda conversa com meus valores? Tenho espaço para crescer aqui? Quero estar neste lugar daqui a um ano?”.

Para Santos, o boreout não deve ser encarado como frescura ou luxo, mas como um sinal de desalinhamento entre o profissional e as atividades que executa. “O trabalho, para ser digno, precisa engajar e ter utilidade. Ficar à deriva, esperando que a semana termine, é desperdiçar uma parte valiosa da vida produtiva”, conclui.

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