A chegada do 5G a Curitiba (PR) se traduz em mais velocidade de navegação ao usuário comum. Mas é no setor produtivo que a nova tecnologia de internet móvel pode promover uma revolução. Com maior tráfego de dados, menor tempo de resposta entre envio e recebimento de comandos e a possibilidade de várias conexões em uma mesma rede, o setor produtivo do estado pode se automatizar, inserir novos maquinários e tecnologias, e otimizar os processos para gastar menos e gerar mais. O sinal do 5G foi liberado na capital no dia 16 de agosto.
Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o PIB industrial do Paraná em 2019 superou os R$ 105 bilhões, o quinto maior do Brasil. O montante equivale a 26% de todo o produto interno bruto do estado. O setor também gera mais de 800 mil empregos nos mais de 42 mil estabelecimentos industriais. Com o 5G, a tendência é que vários processos automatizados levem a uma maior economia e organização. E isso só é possível porque estima-se que a nova internet suporte aproximadamente a conexão simultânea de um milhão de dispositivos por quilômetro quadrado, o que leva à evolução da Internet das Coisas (IoT), em que máquina “conversa” com máquina para produzirem uma análise mais rápida de dados.
Considerado o pilar da Indústria 4.0, o 5G permitirá também que a Inteligência Artificial faça ajustes de forma contínua para que a produção se mantenha sempre de acordo com a demanda, ou ainda um monitoramento 24 horas por dia e otimização de desempenho e segurança.
O 5G que está sendo instalado nas capitais está presente principalmente na área central. No caso de Curitiba, o sinal é melhor captado em bairros como Água Verde, Alto da Glória, Alto da XV, Batel, Bigorrilho, Centro, Centro Cívico, Cristo Rei, Jardim Botânico, Mercês, Rebouças e São Francisco. Nessa primeira fase, segundo exigências da Anatel, é necessário colocar uma antena a cada 100 mil habitantes.
Segundo a Tim, uma das operadoras presentes com a nova tecnologia, o 5G puro está, no entanto, sendo disponibilizado em todos os 75 bairros da cidade, conectando mais de 85% da população. Foram instaladas 210 novas antenas e, até o fim do ano, o número sobe para 240, dez vezes mais do que a obrigação mínima estabelecida pela Anatel. Homero Salum, diretor de Engenharia da TIM Brasil, diz que a internet de quinta geração vai impactar não só a rotina do dia a dia, como também revolucionar diversos setores.
“Com conexões melhores e mais rápidas, o 5G é capaz de conectar máquinas, objetos, coisas e pessoas. Por isso, é chamada a tecnologia do futuro. Essas características vão impactar o Brasil em inúmeros segmentos da indústria, do setor de serviços, do agronegócio e até mesmo as rotinas das pessoas dentro das casas”, aponta Salum. “Na indústria, que vai gerar máquinas e equipamentos para toda essa conectividade, o impacto será revolucionário.”
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Luciano Stutz, presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel), revela que o 5G vai impactar tanto as micro e pequenas empresas quanto as de maior porte. Para a grande indústria, a maior novidade será a possibilidade de criar redes privadas com a tecnologia, o que vai otimizar ainda mais os processos e ganhos. Ele ressalta, no entanto, que todo e qualquer produtor que tenha acesso vai começar a se beneficiar a partir de agora.
“O empresário que está incrustado dentro da cidade e que faz também o processo fabril, ou o pequeno agricultor que está na borda e pode se cobrir com esse 5G, ou um microempreendedor pode, sim, ter seus processos produtivos melhorados. Você vai ter uma indústria que vai trabalhar com 5G, esse já vai poder operar um equipamento à distância, seja um drone, um semeador, seja uma máquina agrícola, se ele já tiver acesso ao 5G. Aquelas indústrias que se prevalecem de meios mecânicos, automatizados para fazerem seu processo produtivo, se aproveitam do 5G na medida em que estão presentes”, destaca Stutz.
No Paraná, as micro e pequenas empresas são responsáveis por 94,7% do total de indústrias do estado. Somente em 2021, segundo a CNI, a indústria local exportou US$ 9.391 milhões – o terceiro maior volume no país.
Curitiba recebeu o 5G no mesmo dia em que Salvador (BA) e Goiânia. As três capitais se juntaram a São Paulo (SP), Brasília (DF), Belo Horizonte (MG), Porto Alegre (RS) e João Pessoa (PB), que receberam o sinal antes, e às que receberam mais recentemente: Rio de Janeiro (RJ), Palmas (TO), Florianópolis (SC) e Vitória (ES).