Chuveiro elétrico e geladeira aparecem como os eletrodomésticos que mais pesam nas contas e trazem o desejo da aquisição de placas solares
O mercado de energia solar vem crescendo consideravelmente no Brasil com o passar dos anos. Recentemente, o país subiu duas posições no ranking mundial de geração de energia solar, passando a ocupar a 6ª posição. Além disso, a matriz fotovoltaica já é a segunda mais utilizada no país, ficando atrás apenas da hídrica. O cenário acompanha o momento em que nunca foi tão importante a execução de ações sustentáveis e a utilização de energias limpas e renováveis em função dos eventos climáticos, que já são uma realidade.
Os números positivos estão relacionados com diversas iniciativas, algumas relativas a políticas de sustentabilidade do Brasil, outras com o momento econômico do país, mas muitas também estão associadas ao interesse do brasileiro em se aproximar das formas de energia limpa. Partindo de diversas motivações, 76% dos brasileiros entrevistados afirmaram que gostariam de colocar sistemas de energia solar em suas casas.
Em relação aos consumidores, um dos grandes atrativos está relacionado ao fato de que, a médio e longo prazo, existe a garantia de uma economia nas contas de energia. Não à toa, uma pesquisa da Descarbonize Soluções, empresa de soluções em energia, mostrou que 92% dos entrevistados enxergam a redução na despesa da conta de luz como a principal vantagem no momento de adquirir a energia solar.
Isso porque o retorno do investimento de um sistema solar normalmente se paga entre o período de três a cinco anos após o momento da instalação. A partir desse período, a energia gerada já deve cobrir todo ou grande parte dos gastos de consumo da conta de luz. Neste contexto, o estudo realizado pela Descarbonize Soluções buscou entender a relação dos brasileiros com as energias renováveis, especialmente a solar, além de testar o conhecimento da população sobre o tema.
Investimento em energias renováveis
Iniciativas governamentais também servem de incentivo para o investimento em energia limpa no Brasil. Recentemente, foi assinada uma medida provisória que, entre suas deliberações, garante a prorrogação dos subsídios nacionais para energias renováveis. Em paralelo a um momento em que se acompanha um barateamento dos produtos para instalação de sistemas solares, tem-se um cenário bastante atrativo e mais acessível a todos que têm interesse no investimento em energia solar.
Além da economia nas contas, o avanço da energia solar no país também está associado ao interesse do brasileiro em se aproximar das formas de energia limpa. Segundo 62% dos respondentes da pesquisa, o interesse de aquisição dos sistemas solares está relacionado à busca de trazer um menor impacto para a natureza. Além disso, aparecem o desejo de se estar alinhado com as novas tecnologias (23%) e a intenção de aumentar o consumo de energia (18%).
Para além da grande parcela de entrevistados que afirmaram que gostariam de ter os sistemas fotovoltaicos – tecnologia utilizada para gerar energia elétrica a partir da irradiação dos raios solares – em seus lares, 15% disseram que já possuem os sistemas em suas casas, e outros 5% indicaram que não sabem como o sistema funciona, por isso não conseguem dizer se gostariam ou não de possuir a instalação em suas residências. Desta forma, apenas 4% dos respondentes disseram que não gostariam de adquirir os sistemas fotovoltaicos.
Mesmo com a intenção de possuir uma matriz energética limpa em suas casas, para muitos, o investimento financeiro é uma questão a ser bastante considerada antes da aquisição das placas e demais equipamentos que constituem o sistema solar. Neste sentido, 40% dos brasileiros entrevistados já fizeram uma simulação de investimento em sistemas fotovoltaicos, sendo que 34% dessa parcela fez simulações para suas casas; 7% buscaram as informações para outras pessoas, como amigos ou familiares, e 5% fizeram para suas empresas.
Tatiana Fischer, CMO da Descarbonize Soluções, fala sobre a percepção do crescente interesse dos brasileiros na aquisição de sistemas de geração fotovoltaica de energia. “Recentemente, o Brasil alcançou a marca de 2 milhões de residências com sistemas de energia solar em seus telhados, conforme dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). Especialmente visando a economia nas contas, mas também com o interesse na visão sustentável, os números positivos mostram que, mais do que apenas um interesse no assunto, o brasileiro realmente está buscando investir em energia solar”, diz.
Conhecimento sobre energias sustentáveis
As energias sustentáveis são aquelas que são produzidas a partir de fontes renováveis, ou seja, que não se esgotam. Por isso, a energia gerada a partir de combustíveis fósseis, por exemplo, não é considerada sustentável, pois sua fonte é finita. Para que haja o interesse e o engajamento na população para a prática de ações mais sustentáveis que, ao longo do tempo, trarão benefícios para toda a sociedade, é essencial que informações e dados sobre o tema sejam cada vez mais disseminados.
Em relação ao entendimento dos brasileiros sobre as formas de geração de energia, foi perguntado quais fontes poderiam ser consideradas como sustentáveis. As matrizes energéticas limpas mais lembradas foram a do sol (92%); dos ventos (87%), e da água dos rios (69%). Com menos expressividade, também foram citadas as energias provenientes da matéria orgânica (41%); dos oceanos (37%), e das marés (34%).
No entanto, as fontes energéticas não renováveis, que são as que predominam mundialmente, foram citadas por muitos entrevistados como sendo matrizes sustentáveis, entre elas as geradas por gás natural (29%); carvão mineral (22%); petróleo (17%), e do núcleo dos átomos (11%).
“Podemos perceber que muitos brasileiros têm conhecimento sobre matrizes energéticas renováveis, especialmente aquelas que são mais utilizadas no Brasil, como a solar, a eólica e a hidráulica. No entanto, algumas fontes bastante conhecidas por não serem limpas também foram citadas pelos entrevistados, mostrando que existem dúvidas e um domínio parcial sobre o assunto. O estudo ressalta a importância de a imprensa e as empresas do segmento gerarem dados confiáveis, garantindo que informações relevantes alcancem cada vez mais a população”, explica Fischer.
Conhecimento sobre energia solar
Ainda em relação ao tema, mas de forma mais específica, o estudo também buscou entender se o brasileiro possui conhecimento sobre energia solar. A energia solar ou fotovoltaica é aquela que usa como fonte energética a luz e o calor do sol.
Quando perguntados sobre como um sistema de energia solar funciona, 61% dos entrevistados disseram que entendem o sistema superficialmente; 18% não sabem como o sistema funciona; 16% afirmaram que possuem bastante conhecimento sobre o tema, e 5% possuem conhecimento técnico ou aprofundado sobre o assunto.
Já em relação às usinas solares e quem pode ter e administrar esse tipo de estrutura, 40% dos entrevistados mostraram conhecimento no assunto ao responderem corretamente que as usinas podem pertencer a qualquer pessoa que cumpra os critérios requeridos. Entretanto, os outros 60% indicaram, erroneamente, que, pelo que sabem, as usinas pertencem a empresas privadas (33%); que as estruturas são posse órgãos governamentais (5%), e o restante dos participantes do estudo não soube responder (23%).
Quanto ao funcionamento da energia solar, sobre alguns mitos e verdades sobre o tema, parte dos entrevistados demonstraram conhecimento no assunto ao acertar questões que afirmam que a energia solar produzida pode ser armazenada (67%); que a energia produzida pode ser distribuída (57%); que o sistema solar funciona durante o dia e a noite (55%), e que as placas solares podem ser instaladas em qualquer localidade (42%).
Em contrapartida, alguns respondentes demonstraram não dominar o tema em alguns pontos básicos ao afirmarem, por exemplo, que as placas solares só podem ser instaladas em locais com alta incidência solar (33%); que a energia solar funciona apenas durante o dia (24%); que a energia solar não funciona em dias nublados ou chuvosos (16%); que as placas solares demandam muita manutenção (7%), e que não é possível ter placas solares em apartamentos (7%).
“Ainda que uma parcela significativa dos entrevistados tenha demonstrado algum domínio sobre o tema, podemos perceber que todo o assunto em torno da geração da energia solar ainda traz muitas dúvidas para a população. Em um momento crucial para a utilização de fontes renováveis, fica claro que um problema de base, relacionado à educação no assunto, ainda deve ser prioridade para as instituições”, aponta Fischer.
O que mais pesa nas contas
Quando o brasileiro pensa em adquirir um sistema solar, a economia está em primeiro lugar, especialmente no consumo daqueles eletrodomésticos que utilizam muita energia nas casas. Em relação ao consumo dos produtos que poderiam trazer um impacto menor nas contas com a utilização de energia solar, os itens mais lembrados foram o chuveiro elétrico e a geladeira, ambos com 154 menções; a televisão, com 135, e o ar condicionado, indicado por 110 respondentes.
“Alguns produtos, que muitas vezes são considerados como os vilões da conta de luz, com frequência são a motivação para a instalação de um sistema fotovoltaico nos lares dos brasileiros. O estímulo está totalmente alinhado com o que o mercado de energia solar tem para oferecer, e certamente vai ajudar os consumidores com seus objetivos de economia. Este é, na verdade, o cenário ideal, no qual o brasileiro reduz suas contas e contribui com o meio ambiente através de uma ação sustentável”, completa Fischer.
Metodologia
Público: foram entrevistados 500 brasileiros conectados à internet de todos os estados do país, incluindo mulheres e homens, com idade a partir dos 16 anos e de todas as classes sociais.
Coleta: os dados do estudo foram levantados via plataforma de pesquisas online.
Data de coleta: entre os dias 25 e 27 de maio de 2024.