Confira artigo de Filippo Di Cesare, CEO LATAM do grupo Engineering
A inteligência artificial (IA) deixou de ser uma tendência para se tornar uma força transformadora. Com um mercado avaliado em US$ 233,46 bilhões em 2024 e projeção de US$ 1,77 trilhão até 2032, segundo a Fortune Business Insights, seu crescimento é impulsionado pela democratização do acesso a modelos avançados da tecnologia, que elimina a necessidade de conhecimento técnico profundo ou infraestrutura cara.
No entanto, essa acessibilidade não significa distribuição equitativa de oportunidades. Países como Estados Unidos e China dominam o setor, impulsionados por investimentos massivos, vastos conjuntos de dados e grandes empresas que moldam o futuro da IA. Esse cenário destaca a importância de garantir transparência nos algoritmos, assegurando que os dados utilizados sejam claros e livres de vieses, promovendo assim um desenvolvimento mais responsável e acessível da tecnologia.
Logo, embora a IA generativa, com ferramentas como ChatGPT e DALL-E, já tenha demonstrado seu impacto positivo na criatividade e produtividade, o grande desafio agora é garantir um futuro em que inovação e governança caminhem juntas, tornando a IA acessível e ética para todos.
O papel das APIs e Foundation Models na democratização da IA
Junto a uma regulamentação estratégica, APIs e Foundation Models desempenham um papel essencial nesse processo de democratização da IA e descentralização de oportunidades, permitindo que empresas e desenvolvedores sem grandes recursos implementem soluções avançadas sem precisar construir modelos do zero.
Os Foundation Models, treinados com grandes volumes de dados, podem ser ajustados para atender a necessidades específicas em setores como direito, medicina e finanças. Já as APIs facilitam essa adoção ao integrar modelos pré-treinados em diferentes aplicações, reduzindo a necessidade de infraestrutura robusta ou equipes especializadas.
Com essa combinação, até empresas com orçamentos limitados podem aproveitar a IA de forma estratégica, impulsionando inovação, criatividade e produtividade em diversos segmentos.
O futuro da IA: desafios e oportunidades
Apesar dos avanços proporcionados por uma legislação adequada, APIs e Foundation Models, a centralização do desenvolvimento de IA ainda impõe desafios à inovação. Grandes corporações dominam os recursos computacionais, os dados e o direcionamento da tecnologia, dificultando a competição para empresas menores e pesquisadores independentes.
Essas organizações, que controlam o desenvolvimento de modelos mais avançados, ajudam a definir as prioridades do mercado, com um impacto na diversificação das abordagens.
Para equilibrar esse cenário, é essencial promover políticas públicas que incentivem a transparência e a competitividade. Modelos de IA abertos, por exemplo, permitem que mais empresas e pesquisadores participem ativamente da inovação. Além disso, a criação de uma infraestrutura compartilhada, como centros de computação acessíveis a universidades e startups, reduziria barreiras de entrada e ampliaria a participação no desenvolvimento da tecnologia.
Outro fator-chave é o investimento em educação e capacitação, garantindo que mais pessoas tenham conhecimento técnico para explorar e aprimorar a IA. Ou seja, a verdadeira democratização da inteligência artificial não se limita ao acesso às ferramentas, mas exige um ecossistema equilibrado, transparente e colaborativo, no qual inovação e governança caminhem juntas para beneficiar toda a sociedade.
*Filippo Di Cesare é CEO LATAM do grupo Engineering, companhia global de Tecnologia da Informação e Consultoria especializada em Transformação Digital. Formado em Ciências Econômicas e Estatísticas pela Universidade de Bolonha, na Itália, o executivo atua há mais de duas décadas nas áreas de estratégia e operação digital e já liderou projetos nos principais players do mercado, como TIM, Claro, Sabesp, Eletrobras, Nestlé, Volvo e Pfizer, entre outros.