Confira artigo de Nátaly Zamaro, CEO da Spot Finanças, com mais de 10 anos de experiência na área financeira
Após um “comunicado” de layoff via e-mail de Mark Zuckerberg, fundador da Meta (antigo Facebook), pode-se perceber o quão triste ainda é o mercado da tecnologia. Sempre lembrado como o setor frio, metódico, pragmático e racional, muitas vezes ao extremo. Ainda assim, de acordo com estimativa da Brasscom, só no Brasil temos cerca de 1,5 milhão de profissionais em Tecnologia da Informação, brasileiros que dependem desses empregos.
Mas não é tão racional chegar nessa conclusão quando se conclui que todas as empresas, independente de seus tamanhos, crescem e evoluem com o desempenho profissional de cada pessoa ali colocada. Então se isso é uma verdade, como se pode afirmar que a tecnologia pode continuar crescendo com milhares de novos recursos, comunicados frios e definitivamente liderança zero, se as invenções são criadas por pessoas?
Já se sabe muito sobre a importância da liderança e gestão de pessoas. O que ainda não foi compreendido em sua totalidade é que grandes fundadores de empresas de tecnologia também fazem parte desse grupo, onde são líderes e precisam motivar sua equipe e não só cuidar de estratégia, investimentos e serem garotos propaganda do próprio produto.
É nítida a falta de sensibilidade quando se observa que, além da demissão em massa, o orçamento com áreas importantes foi cortado. Ou seja, novamente o grupo “pessoas” ficará sem o estímulo necessário.
Lembrando que, demissões são sim necessárias e fazem parte do jogo (se é que se pode chamar de jogo). Por vezes, demissões em massa precisam ser feitas. O mundo corporativo e a economia são assim. O ponto que precisa ser levado em consideração é o zelo em praticar essa ação, é cruel demitir milhares de pessoas em uma call. Recentemente, a série Succession mostrou o quão sádico podem ser os diretores nesse momento que é traumático quando lidado de forma negativa.
As demissões não devem ser vistas como um momento positivo para ser postado no LinkedIn. Independente da forma que acontecer, vai ser um período de mudanças e reflexão e, claro, da preocupação financeira. Da mesma forma que isso não justifica que os chamados layoffs sejam totalmente dessensibilizados, feitos por ligação ou mensagem, sem qualquer possibilidade de questionamentos ou esclarecimentos.
Será que não seria possível separar a lista de desligados por grupo, setor, departamento, liderança? Ao separar, não poderia ter sido feito pelo próprio líder, individualizado? A tecnologia nos ajuda e, principalmente, no pós-pandemia temos a oportunidade diária de encontrar pessoas de forma on-line. Nenhum gestor precisaria desligar o time presencialmente e ter custos ainda mais excedidos. Mas comunicados genéricos retratam a importância que foi dada às pessoas ali presentes.