O processo de nacionalização de empresas no Brasil, embora ainda atraente por seu tamanho e mercado promissor, enfrenta uma série de desafios que dificultam a expansão de negócios estrangeiros. Em 2025, as perspectivas são de uma queda na nacionalização, mesmo após as reformas tributárias, devido a um cenário de incertezas econômicas e políticas que ainda persistem no país.
De acordo com Antonio Queiroz, fundador da Queiroz & Venâncio Consultoria Contábil, o Brasil ainda enfrenta dificuldades significativas para atrair investimentos estrangeiros, especialmente quando comparado a outros países da América Latina, como a Argentina, que, com a queda da taxa de juros e outras medidas econômicas, se apresenta como uma opção mais atraente para investidores.
“Com a crescente fuga de investidores, o Brasil está vendo uma diminuição no número de nacionalizações. O governo está ciente de que, com muitos investidores perdendo a paciência, a bola da vez passou a ser a Argentina, que, ao contrário do Brasil, está criando um ambiente mais favorável ao investimento”, afirma Queiroz.
Ainda que a reforma tributária tenha introduzido alterações nas regras fiscais, muitos empresários têm se mostrado hesitantes diante da complexidade do sistema tributário e da burocracia do Brasil, fatores que contribuem para a desvalorização do país como destino para a nacionalização de empresas.
Desafios no processo de nacionalização: burocracia e complexidade tributária
E, mesmo para o que insistirem em entrar nesse mercado, a nacionalização de empresas no Brasil envolve uma série de etapas burocráticas e fiscais que tornam o processo altamente desafiador. O sistema tributário brasileiro é conhecido pela sua complexidade, e as empresas estrangeiras frequentemente se deparam com uma enorme quantidade de documentos e exigências legais que são muitas vezes diferentes das que existem nos seus países de origem.
“O empresário que tenta abrir uma filial ou adquirir uma empresa no Brasil acaba se deparando com um labirinto burocrático e tributário que não compreende completamente, o que dificulta a viabilidade do processo”, explica Queiroz.
A reforma tributária, embora tenha trazido algumas mudanças positivas, não conseguiu resolver a questão central de um sistema excessivamente complicado, que continua a ser uma das maiores barreiras para a nacionalização de empresas. Queiroz observa que, embora o Brasil continue sendo um mercado com grande potencial, a alta carga tributária e a multiplicidade de normas fiscais acabam criando um cenário desafiador para investidores estrangeiros.
A falta de suporte especializado
Outro ponto crítico destacado por Queiroz é a falta de suporte especializado para ajudar as empresas estrangeiras no processo de nacionalização. O país carece de profissionais qualificados que possuam um conhecimento profundo das complexidades legais e fiscais que envolvem o processo. Muitos contadores, por exemplo, não têm a formação necessária para lidar com as exigências internacionais e adaptar os documentos estrangeiros às normas brasileiras.
“Falta no Brasil uma integração eficaz entre as áreas de contabilidade e direito internacional. Isso impede que as empresas sigam um caminho mais eficiente e seguro para a nacionalização”, observa Queiroz. Para que o processo ocorra de maneira bem-sucedida, é essencial que os contadores estejam alinhados com advogados especializados, que possam traduzir as normas e exigências de forma que atendam aos padrões brasileiros.
Queiroz também menciona a necessidade de adaptação de documentos, como procurações e contratos sociais, que precisam ser ajustados para cumprir com as regulamentações locais. “A falta de uma equipe integrada de contadores e advogados especializados faz com que muitas empresas acabem desistindo no meio do caminho, pois se deparam com um processo que parece sem fim e difícil de entender”, completa o especialista.
A incerteza política e econômica
O cenário político e econômico instável também contribui para a queda da nacionalização das empresas no Brasil. A falta de previsibilidade e segurança jurídica faz com que muitos investidores prefiram apostar em mercados mais estáveis, como a Argentina, que recentemente implementou políticas econômicas favoráveis, como a redução das taxas de juros, criando um ambiente mais atrativo para negócios estrangeiros.
Antonio Queiroz ressalta que, embora o Brasil ainda seja um mercado grande e promissor, o ambiente de incertezas não ajuda a atrair investimentos. “A falta de estabilidade política e econômica gera receios entre os investidores estrangeiros, que preferem esperar para ver qual direção o país tomará nos próximos anos. Além disso, a competição com outros países da América Latina, como a Argentina, tem ficado mais acirrada, o que torna ainda mais difícil para o Brasil manter sua posição como destino preferencial para a nacionalização de empresas”, acrescenta Queiroz.
Perspectivas para 2025: O futuro da nacionalização de empresas no Brasil
Apesar dos desafios, Antonio Queiroz acredita que o Brasil ainda oferece um mercado promissor para empresas estrangeiras que estão dispostas a enfrentar as dificuldades burocráticas e fiscais. “Mesmo com todos os obstáculos, o Brasil continua sendo um destino importante para empresas que querem investir em setores estratégicos. Contudo, é necessário paciência, conhecimento profundo das regras e uma assessoria jurídica e contábil especializada para superar os desafios”, conclui.
O processo de nacionalização de empresas no Brasil continua sendo complexo e desafiador. A redução da confiança dos investidores e a crescente atratividade de mercados vizinhos, como a Argentina, indicam que o Brasil precisa melhorar suas condições para atrair mais investimentos estrangeiros nos próximos anos. Para as empresas dispostas a enfrentar esse cenário, o apoio especializado será fundamental para atravessar as barreiras legais e tributárias e garantir a viabilidade de seus negócios no país.