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A tecnologia impacta a forma como lidamos com o luto?

Unidade Ipiranga da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo / Foto: ACS Hospital São Camilo / Divulgação
Unidade Ipiranga da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo / Foto: ACS Hospital São Camilo / Divulgação

Especialista do Hospital São Camilo de São Paulo explica quais as fases do luto e como lidamos com a perda

O luto é uma experiência profundamente pessoal e que cada indivíduo vivencia de maneira única. Seja pela perda de um ente querido, um animal de estimação, um emprego, o fim de um relacionamento e até mesmo perdas materiais em tragédias, como as enchentes ocorridas no Rio Grande do Sul.

Dados da plataforma SemRush apontam que o termo “luto” é pesquisado cerca de 368 mil vezes por mês no Brasil, totalizando 4 milhões de vezes por ano, mostrando que o ambiente digital tem um papel na forma como as pessoas estão lidando com a perda atualmente.

“Por ser uma vivência multifacetada, o luto é diferente para cada pessoa. Em momentos de perda, a sensação de isolamento pode ser avassaladora. No entanto, as plataformas digitais, quando bem utilizadas, podem ser espaços onde as pessoas encontram empatia e compreensão, ajudando a suavizar o caminho em tempos difíceis”, explica Aline Sabino, psiquiatra na Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo.

Quando lidamos com a perda, a tecnologia pode desempenhar um papel ao oferecer apoio e empatia. Porém, não é sempre que enxergamos os riscos que ela pode representar nesse processo delicado. Sabino reforça que a presença constante de informações, por exemplo, pode intensificar sentimentos de tristeza ou ansiedade.

“Há o risco de que a comunicação virtual substitua as interações pessoais, diminuindo a presença física de familiares e amigos que poderiam oferecer apoio emocional significativo. O abraço apertado ou a companhia de um ente querido pode ser insubstituível”, comenta a psiquiatra.

Quais são as fases do luto?

O luto frequentemente é compreendido por meio de cinco fases principais. É importante notar que nem todos passam por essas fases na mesma ordem ou da mesma maneira, mas elas oferecem um quadro geral de como o luto pode se manifestar:

  • Negação: nessa fase, a pessoa pode ter dificuldade para aceitar a realidade da perda, sentindo-se atordoada e em estado de choque. A negação serve como um mecanismo de defesa temporário, permitindo que a pessoa comece a processar a dor.
  • Raiva: a pessoa pode sentir raiva e questionar por que a perda aconteceu com ela. A raiva pode ser direcionada a si mesma, a outros ou até mesmo à quem essa pessoa considera responsável pela perda.
  • Negociação: nesta fase, a pessoa pode tentar fazer “barganhas” para evitar a dor da perda, muitas vezes imaginando cenários “e se” ou “o que poderia ter sido”.
  • Depressão: a realidade da perda se torna indiscutível, e a pessoa pode sentir um profundo senso de tristeza e vazio. Este estágio pode envolver sentimentos de desesperança e pode ser acompanhado de retraimento social.
  • Aceitação: a pessoa começa a aceitar a realidade da perda, permitindo-se seguir adiante. Isso não significa que a dor desapareça completamente, mas sim que ela encontra uma forma de viver com a perda.

“Em cada uma das fases é essencial que as pessoas tenham empatia e apoio durante esse momento de perda para que possam encontrar formas de lidar com o luto. Nesse momento, podemos auxiliar permitindo que a pessoa sinta a dor sem culpa, além de ajudá-la a evitar o isolamento”, ressalta Sabino.

Segundo a especialista, dentre algumas formas que existem de lidar com o luto, cuidar da saúde é muito importante, afinal, parte das possíveis reações das pessoas enlutadas envolve o fato de que elas podem acabar saindo da rotina, o que, por algum tempo, é natural, mas a rotina pode ser um fator importante para que o indivíduo atinja a fase de aceitação.

“Outra alternativa para lidar com o luto é encontrar maneiras de homenagear a pessoa que se foi, como plantar uma árvore ou participar de cerimônias em memória são ações que trazem conforto. Além disso, é válido descobrir formas de processar o luto de alguém ou algo que se foi, o que pode ser feito por meio da escrita das memórias”, finaliza Sabino.

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