Consultor e especialista em seguros pessoais, Zé, o Alfaiate do Seguro, alerta para os riscos invisíveis da rotina e defende campanhas educativas que aproximem o seguro da realidade das pessoas e empresas
O movimento Abril Verde – voltado à prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho – ganha, ano após ano, mais relevância diante do cenário alarmante de saúde pública e laboral no Brasil. Só em 2024, o país registrou 742.214 acidentes de trabalho e 2.409 mortes, segundo dados oficiais atualizados. Apesar de representar uma queda de 6,10% nas mortes em comparação com 2023, o número ainda é preocupante e evidencia a urgência de uma cultura de prevenção mais sólida e efetiva.
Para Zé, o Alfaiate do Seguro, consultor e referência em seguros pessoais, esse é um período estratégico para reforçar o papel do seguro como parte do ecossistema de proteção da saúde e da vida, tanto no ambiente profissional quanto fora dele. Em entrevista ao Universo do Seguro, ele analisa como a desinformação e a falta de educação contribuem para a subvalorização do seguro no país — e propõe soluções práticas para mudar esse cenário. “As pessoas ainda enxergam o seguro de vida como algo que só serve quando se morre, mas esquecem que ele também pode ser um grande aliado em vida. Essa percepção precisa mudar”, afirma.
Prevenção: um compromisso que transcende o local de trabalho
Zé destaca que o Abril Verde não deve se limitar a ambientes industriais ou operacionais. A prevenção deve ser estendida à saúde cotidiana das pessoas, sobretudo diante do aumento dos casos de infarto e doenças cardíacas. “Na última semana, só aqui em Recife, tivemos dois casos de homens jovens — um de 52 e outro de 55 anos — que morreram durante atividades em academias. Isso é um alerta. Prevenção também é cuidar da saúde com alimentação equilibrada, exercícios e check-ups”, diz.
Ele também ressalta os impactos da Reforma da Previdência, que, com a PEC 103/2019, alterou regras para pensões por morte e invalidez. “Hoje, se um trabalhador sofre um acidente fora do trabalho, a família pode ter uma perda de até 40% na pensão, mesmo se ele recebia o teto do INSS. Isso impacta diretamente a vida das famílias”, explica.
Seguro como ferramenta de proteção – para pessoas e empresas
Um dos principais alertas do especialista está no desconhecimento sobre a função do seguro dentro das estratégias de saúde e segurança no trabalho. Para ele, falta uma comunicação mais humanizada e moderna por parte do mercado segurador. “Continuamos vendendo seguros com a mesma linguagem de 30, 40 anos atrás. Falamos de ‘produto’, quando deveríamos mostrar o benefício que ele proporciona. O cliente não quer saber de apólice, quer saber de segurança”, argumenta.
Além de proteger pessoas, o seguro também pode evitar o colapso financeiro de empresas. Ele cita decisões da Justiça do Trabalho em que o valor pago por apólices de seguro de vida em grupo foi usado para abater sentenças por morte de colaboradores. “Quantas empresas você conhece que fecharam as portas após perder um funcionário e não tinham seguro? O seguro pode ser um colchão que evita a falência. Ele protege o CNPJ para continuar existindo”, afirma.
O papel do corretor no Abril Verde
Zé também defende que o corretor de seguros tem papel crucial no fortalecimento da cultura de prevenção, principalmente em datas como o Abril Verde e ações como a Semana da CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes). “É a chance de o corretor se posicionar como educador, parceiro e consultor. Ele pode dar palestras, produzir conteúdos educativos nas redes sociais e fazer parcerias com sindicatos, associações e cooperativas”, sugere.
Segundo ele, os corretores que souberem utilizar datas como o Abril Verde de maneira inteligente podem ampliar seus negócios e, ao mesmo tempo, contribuir socialmente.
Educação é a base da mudança
Para encerrar, Zé reforça que a educação é o caminho mais eficaz para transformar realidades e salvar vidas. “Campanhas educativas promovidas por seguradoras, corretores, imprensa e governo fazem com que todos ganhem: a sociedade, os profissionais e o mercado”, comenta.
Por fim, o especialista alerta: “O Brasil é o quarto país com mais mortes no trabalho no mundo, atrás apenas de China, Índia e Indonésia. No G20, estamos na segunda posição. Precisamos mudar isso — e o seguro deve estar nesse debate”.