Confira artigo de Adriana Matte, Advisor Seguros da Softtek Brasil, e Marcos Brum, vice-presidente de negócios da Softtek Brasil
A aceleração digital não é uma tendência ou um modismo. É um fenômeno que indica o avanço massivo de toda a cadeia de consumo a um novo patamar. Entender as prerrogativas que impulsionam e balizam esse evento é o mesmo que dizer: calibre os pneus, aperte o cinto e mantenha as duas mãos no volante. Porque, se de um lado há uma multiplicidade de forças concomitantes e muitas vezes contraditórias, inconstantes, incontroláveis e sempre sujeitas à ação e ao ritmo do tempo, de outro, há a necessidade eminente de segurança, orientação, conforto, propósito e desenvolvimento.
No eixo central sempre teremos os anseios e necessidades da sociedade. Seja qual for o setor, as demandas e as expectativas da humanidade são a razão de ser de todos os movimentos e revoluções que tiveram curso na história e que transformaram parcial ou radicalmente hábitos e comportamentos e, com isso, a forma como nos relacionamos com nossos pares e com o ambiente no qual vivemos.
Yuval Harari, no mundialmente aclamado livro Sapiens – Uma Breve História da Humanidade (2011), atribui à ciência moderna o status de “tradição de conhecimento especial” e destaca que por ser “mais dinâmica, flexível e inquisitiva que qualquer tradição de conhecimento anterior” essa ciência possibilitou que “nossa capacidade de compreender como o mundo funciona e nossas habilidades de inventar novas tecnologias se expandisse de forma extraordinária”.
É certo afirmar que em muitos casos a criação esteve à frente do seu tempo. Alan Kay, idealizador do computador de tela plana, é um excelente exemplo tanto da compreensão de como o mundo funciona(rá), como das habilidades humanas para inventar novas tecnologias: em 1972 ele concebeu o que, 40 anos depois, viria a ser o iPad.
Outro exemplo clássico, que retrata a extraordinária expansão tecnológica que vivenciamos nas últimas décadas, é a democratização dos telefones inteligentes, smartphones: mais da metade da população mundial tem nas mãos hoje um computador mais potente que aquele que levou o primeiro homem à lua em 1969.
Também é certo afirmar que o impacto e a intensidade que a revolução tecnológica vem impondo varia de setor para setor. Entretanto, é fato que uma vez que a influência tecnológica atinge um patamar disruptivo dentro de um setor, todo ecossistema em questão é impactado. Setores como comunicações, entretenimento e varejo, entre outros, já absorveram esse impacto e hoje navegam em sintonia com a dinâmica tecno-mercadológica disponível.
Setores que demandam alta segurança e respondem por um legado valioso, com extenso volume de dados, como o de Seguros, exigem maior precaução – um par de airbags adicional. Conscientes do compromisso e da responsabilidade que têm com seus clientes, e com toda a cadeia de valor na qual estão inseridos, e experientes na gestão de riscos e minimização de exposição, a indústria prima pela segurança, pois tem na relação de confiança com seus clientes seu bem maior. Natural que avalie com absoluta ponderação a maturidade das tecnologias e o know-how de seus parceiros e zele, invariavelmente, pela construção de vínculos devidamente fundamentados.
Contudo, o substancial avanço das tecnologias cognitivas, associadas a sistemas core e de integração, implementação em nuvem, IoT, blockchain, Low Code e No Code, RPA e RV-RA, impõe um novo ritmo ao processo de transformação digital, fazendo com que essa deixe de ser uma opção para torna-se fator determinante de competitividade. Ou seja: o próprio arcabouço tecnológico encaminha-se para uma revolução. Como previu Ray Kurzweil, em março de 2001, estamos literalmente testemunhando o prelúdio de um novo paradigma.
Atentos ao mercado e ao fenômeno em curso, não é exagero assumir que o tema aceleração digital seja, portanto, pauta recorrente na maioria das indústrias, inclusive na de Seguros. Leandro Balboni, diretor Comercial de Saúde e Seguros da Softtek, destaca a dimensão que o processamento e a gestão das informações têm no cenário atual ao afirmar que “os dados são o novo petróleo, o coração do negócio e sua análise é chave para saber orientar a empresa”.
Corroborando essa interpretação, segundo o relatório Annual CIO Survey Results 2023, da consultoria Celent, mais de 75% das seguradoras norte-americanas estão considerando uma abordagem de implantação em nuvem e dispostas a melhorar suas capacidades analíticas, aproveitando a inteligência artificial sempre que possível.
Em outro relatório da mesma consultoria, intitulado “Technology that is enabling transformative business impact”, Keith Raymond afirma que “quando se melhora a eficiência operacional, mesmo que através do menor dos incrementos, tem-se um impacto altamente positivo para a organização”.
É oportuno observar que as tecnologias nem sempre exercem um caráter nativo nas organizações. Na maioria das vezes, elas são catalisadoras. Aquele elemento que viabiliza os processos de transformação, garantindo eficiência e capilaridade operacional por um lado e fomentando o potencial criativo e a inovação, essencial ao desempenho estratégico, por outro.
Guiar processos dessa natureza exige destreza. Tarefa para os Spocks e Yodas dos nossos tempos. Ainda mais se considerarmos que, em meio ao exponencial desenvolvimento tecnológico e à decorrente aceleração digital, pela primeira vez na história, coexistem cinco gerações de consumidores ativos no mercado, sujeitos a uma miríade de pontos de contato e canais de informação e distribuição.
Uma matriz desse cenário é, por si só, um fascinante mapa de oportunidades se devidamente analisado e estrategicamente gerido. Contudo, se essa mesma matriz estiver inserida num ecossistema coerente e integrado de práticas digitais, capazes de sincronizá-la ao ritmo, às necessidades e às preferências desses consumidores, os ganhos de agilidade e desempenho tendem a alcançar outro patamar.
Ficção ou realidade, verdade é que instituições, empresas, governos, comunidades reconhecem líderes capazes de incorporar e inspirar os desafios de mudança quando eles se apresentam e, acima de tudo, pô-los em marcha quando é preciso.
Na milenar cultura oriental a dualidade – yin e yang – representa o exercício de forças que se completam. Uma está contida na outra como forças que se desafiam e nutrem num continuum de evolução. Acredita-se que é na intersecção dessas duas forças que reside a energia que move o mundo.
Em outras palavras, a via está pavimentada e os sinais do mercado são onipresentes. Cabe validar prerrogativas básicas e decidir o momento de acelerar, assumindo que a realidade é, por natureza, ambidestra e que o único meio de não ficar para trás é acertar o ritmo e se manter em movimento.