Confira artigo de Gaudencio Lucena, CEO da CORPVS, empresa que é referência nacional em segurança privada e inteligência integrada no Brasil
O anuário da Polícia Rodoviária Federal escancara um problema antigo: o trânsito brasileiro continua letal – em 2024, mais de 6 mil pessoas morreram e 84 mil ficaram feridas em acidentes nas vias do país. A tragédia humana soma-se ao impacto econômico: segundo o Ipea e a OMS, os acidentes causam prejuízo anual de R$ 50 bilhões, afetando SUS, previdência, produtividade e patrimônio público e privado.
A maioria desses eventos é evitável. Ainda assim, a sensação de inércia persiste. Por que seguimos aceitando como inevitáveis perdas que poderiam ser prevenidas com ferramentas já disponíveis? A segurança viária precisa de um novo paradigma: sair do improviso e adotar gestão baseada em dados. Isso passa por três pilares: educação, legislação e tecnologia.
Sistemas de videotelemetria já são realidade em operações logísticas e frotas. Câmeras e sensores monitoram o ambiente interno e externo dos veículos e o comportamento dos condutores. Identificam em tempo real situações como fadiga, uso do celular, ausência de cinto, sonolência e freadas bruscas. A inteligência artificial processa os dados e gera alertas automáticos.
A eficácia é comprovada: empresas que adotaram a tecnologia registraram redução de até 90% nos sinistros, maior uso do cinto e queda em infrações por velocidade ou distrações. Além da prevenção, a videotelemetria é útil na apuração de responsabilidades. As imagens, com respaldo jurídico e respeito à LGPD, protegem empresas e motoristas contra injustiças e prejuízos.
Mas a tecnologia exige cuidados. A discussão sobre imagem, consentimento e dados é legítima. Termos de aceite, políticas e normas internas são essenciais para garantir uso legal, ético e transparente. Tecnologia e direito devem andar juntos – e isso é possível.
Outro ponto é a democratização. A tecnologia está mais acessível, com equipamentos adaptáveis a diferentes frotas. Pequenas empresas já adotam soluções com bom custo-benefício, como videotelemetria com reconhecimento facial e bloqueio de ignição.
Um acidente pode gerar alto custo. Quando recorrentes, causam rombos financeiros e riscos humanos inaceitáveis. A tecnologia é ferramenta de proteção de vidas, redução de prejuízos e ganho de eficiência.
Menos de 1% das empresas no Brasil usam videotelemetria. É urgente fomentar políticas, incentivos e parcerias. O setor privado tem papel central – por interesse econômico e responsabilidade social.
O trânsito reflete nossa organização social. Se queremos um país mais seguro, devemos começar onde as tragédias são evitáveis: nas estradas.