Associação recebe representantes do Banco Central de Marrocos, do Banco Nacional da Ethiópia e do Banco de Uganda, além de executivos do The International Finance Corporation (IFC) e da Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC) em Study Tour do Banco Mundial
A Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi) recebeu em sua sede, nesta semana, executivos do Banco Central de Marrocos, do Banco Nacional da Ethiópia e do Banco de Uganda, IFC (The International Finance Corporation), da ANBC (Associação Nacional dos Bureaus de Crédito) e diretores da entidade.
Tadeu Silva, presidente da Acrefi, ressaltou que a entidade é a casa do crédito e trabalha em estreita colaboração com os associados, que está reposicionando a Acrefi com objetivo de promover o crédito consciente para fortalecer o Sistema Financeiro Nacional. Disse, ainda, que a Acrefi está aberta a parcerias e acordos de cooperação internacional.
“Nós somos a casa do crédito há 66 anos e atuamos proporcionando o crédito consciente para a economia nacional. Compartilhamos boas práticas, como o acesso à informação, e promovemos eventos e treinamentos para compartilhar conhecimento. A Acrefi está disposta a fazer parcerias, conexões, intercâmbios e acordos de cooperação para o desenvolvimento do mercado de crédito”, destacou Silva.
O economista chefe da entidade, Nicola Tingas, falou sobre a evolução do crédito no Brasil e a composição das carteiras. “A evolução da legislação, as medidas do BC e condições financeiras podem aumentar o crédito para 80% do PIB no futuro”, ponderou.
Tingas detalhou ainda a composição do Crédito do Consumo Pessoal ou Familiar, a partir de abril de 2024: “31% estão em financiamento imobiliário, 19% crédito consignado, 15% cartão de crédito, 12% cartão de crédito à vista, 9% crédito de aquisição de veículos, 8% crédito pessoal e não consignado, 2% cartão de crédito parcelado e 1% cheque especial e outras modalidades da pessoa física”.
O economista mencionou que nas últimas décadas – do ano de 2000 e até abril de 2024 -, o crédito teve uma expansão muito forte durante o governo Lula 1 e 2. “Tivemos uma melhora expressiva no poder de consumo da população brasileira nos últimos 24 anos. Esperamos uma expansão de mais de 10% neste ano na economia, mesmo diante da inflexão monetária e questões fiscais”, enfatizou.
Murilo Silvério, diretor do Omni Banco, instituição com 30 anos de mercado, apresentou como funciona o sistema de crédito no Brasil com foco no financiamento de veículos. “Nosso principal produto é o crédito de veículos. Antes do Cadastro Positivo, nós só usávamos a informação negativa, o que impactava em mais morosidade na aprovação. Com a aprovação do Cadastro Positivo, os bancos e outros fornecedores compartilham suas informações, o que nos possibilita conhecer melhor o comportamento dos clientes. Isso muda a forma de concessão. Os bureaus têm um papel fundamental nesse processo de tomada de decisões”, afirmou Silvério, enfatizando a importância da dupla checagem antes da conclusão de cada caso.
“Usamos também um score próprio para definir a curva de risco. Levamos em consideração o histórico de pagamento, incluindo há quanto tempo o cliente solicita crédito e qual o valor total solicitado, além dos produtos de crédito e a última vez em que houve um pedido. Para isso, nós usamos dados para decidir se iremos conceder créditos e, somado a isso, falamos com a maioria dos nossos clientes para fazermos a melhor avaliação possível em relação às solicitações. Nossa diferença, para os grandes bancos, é que conseguimos ouvir as histórias dos nossos clientes e levamos isso a sério na nossa avaliação”, ressaltou.
Thaís Consiglio, diretora da Asaas, instituição de pagamento e sociedade de Crédito Direto autorizada pelo Banco Central do Brasil, abordou as operações de crédito em fintechs no Brasil. “Temos um Banco Central como a missão de garantir a estabilidade do poder de compra da moeda, salvaguardar um sistema financeiro sólido, eficiente e comparativo e promover o bem-estar econômico da sociedade. E, nesse cenário, temos as fintechs que são empresas que introduzem inovações nos mercados financeiros através do uso intensivo de tecnologia, com potencial para criar modelos de negócios. Elas operam através de plataformas on-line e oferecem serviços digitais de inovação relacionados ao setor”, disse.
Elias Sfeir, presidente da ANBC, ressaltou a importância de receber representantes do IFC, além de três delegações de países como Etiópia, Marrocos e Uganda. “Agradeço a Acrefi pela oportunidade. Eu acho que esse encontro foi fundamental, nós tivemos várias discussões com os bureaus debatendo o uso dos sistemas. Isso trouxe a materialidade dos benefícios do uso da informação para o avanço econômico da sociedade, que impactam o bem-estar em geral. Temos espaço aberto para um acordo de cooperação e, a ANBC e a Acrefi, estão abertas. No fundo, esse é um espaço de colaboração, não de competição”, concluiu.