Entidade se une à Associação Av. Henry Ford, Mooca & Região em defesa das empresas e dos empregos de um dos últimos polos industriais da capital
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP) manifestou apoio à Associação Av. Henry Ford, Mooca e Região, que contesta a proposta de instalação do pátio de manobras da Linha 16–Violeta do Metrô em uma das áreas mais ativas do parque industrial paulistano. Durante evento promovido na Distrital Mooca da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), o presidente da entidade, Dr. Roberto Mateus Ordine, destacou que o desenvolvimento urbano precisa ocorrer em sintonia com a livre iniciativa e a preservação das empresas que sustentam o emprego e a geração de riqueza.
O apoio de Ordine aconteceu nesta terça-feira, dia 15, em encontro com empresários do bairro na sede da Distrital Mooca da ASCP. Esta é a primeira manifestação pública de uma entidade importante de São Paulo depois da primeira audiência pública, realizada nos dias 7 e 8 de outubro, no auditório do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), quando representantes da Associação Av. Henry Ford apresentaram suas preocupações e alternativas técnicas ao Governo do Estado. “A Mooca é um símbolo do trabalho e da produção. Apoiar seus empreendedores é defender a economia de São Paulo e a dignidade de quem gera oportunidades”, afirmou Ordine.
Empresários alertam para impactos da desapropriação
Em sua exposição durante a audiência pública, o presidente da Associação Av. Henry Ford, Mooca e Região, Anderson Festa, destacou que a proposta do projeto do pátio desconsidera particularidades das empresas instaladas na região, muitas delas com décadas de operação e estruturas logísticas altamente especializadas.
Festa observou que a eventual desapropriação teria efeitos profundos sobre a cadeia logística e produtiva da Mooca, já que o bairro reúne empresas que abastecem clientes de todos os portes na capital e em outros estados.
Entre os principais fatores de preocupação, destacam-se o impacto social e econômico por força da demissão de funcionários, as restrições que dificultam o remanejamento de algumas atividades industriais e o tempo necessário para transferir equipamentos de grande porte – que pode levar anos.
O dirigente também alerta para os enormes desafios para a relocação de operações para outros bairros ou cidades vizinhas, o que pode prejudicar a logística e o relacionamento comercial de empresas integradas em um ecossistema colaborativo. Outro ponto de receio, diz Festa, são as consequências para as companhias e para população que restarão no entorno do pátio, já que estruturas desse tipo, geralmente cercadas e sem comércio ativo, podem enfraquecer o dinamismo urbano e aumentar a sensação de insegurança nas áreas vizinhas.
Associação apoia a nova linha e defende soluções equilibradas
Anderson Festa ainda ressalta que a Associação Av. Henry Ford apoia integralmente a implantação da Linha 16–Violeta, reconhecendo os benefícios que o novo eixo trará para a mobilidade, o desenvolvimento e a qualidade de vida da população. “A expansão do metrô representa um avanço importante para a cidade, especialmente para a Mooca e bairros vizinhos, que abrigam milhares de trabalhadores vindos de outras regiões e que terão melhor acesso ao transporte público e às oportunidades de emprego”, diz.
Além de facilitar a locomoção, o dirigente também aponta que a nova linha tende a estimular o desenvolvimento urbano e comercial, fortalecendo o setor de serviços e o mercado imobiliário local. “A Mooca vem se adaptando à nova dinâmica da cidade. O que defendemos é que essa evolução ocorra de forma planejada, sem comprometer a base produtiva”.
Proposta alternativa: solução produtiva e social
Como alternativa técnica, a Associação propôs a instalação do pátio em uma área pública próxima à Avenida Presidente Wilson, o que, segundo a entidade, atenderia a um duplo propósito: preservar o parque industrial e os empregos da Mooca e oferecer uma solução socialmente responsável para famílias que vivem em condições de vulnerabilidade na região. Grande parte dessas áreas é ocupada por moradias precárias e assentamentos informais, e o projeto poderia ser uma oportunidade para que o Estado realocasse essas famílias em locais com infraestrutura adequada e condições dignas de moradia, ao mesmo tempo em que preservaria um dos últimos polos produtivos da capital.
“Essa alternativa une sensibilidade social e responsabilidade econômica. É possível compatibilizar o avanço da mobilidade com a preservação do trabalho e da dignidade”, diz Festa.
Mooca: um território de produção e mobilidade
A Avenida Henry Ford, Rua Cadiriri e Região são os principais corredores logísticos e industriais de São Paulo, abrigando 228 empresas e cerca de 15 mil trabalhadores, entre indústrias, centros de distribuição e serviços. Com 60 plantas industriais ativas, o conjunto de empresas da região movimenta cerca de R$ 9 bilhões em faturamento anual e opera em sinergia com o ramal ferroviário que atende o bairro, responsável por reduzir o trânsito pesado e as emissões urbanas ao retirar dos centros o equivalente a 800 carretas de 25 toneladas cada de aço por mês.
O local também é considerado estratégico para a distribuição de produtos da “última milha”, garantindo o abastecimento do centro expandido e de regiões vizinhas. Por isso, especialistas alertam que a remoção em massa de empresas poderia comprometer toda a eficiência logística da capital. Para a ACSP, preservar a Mooca é garantir a força produtiva de São Paulo. “O país não pode ser rico em potencial e pobre em economia real. São os empreendedores e trabalhadores que constroem a riqueza nacional”, conclui o presidente da ACSP,