Leve melhora na percepção atual é ofuscada por piora nas expectativas futuras e mantendo o índice abaixo dos 100 pontos
O Índice Nacional de Confiança (INC), elaborado pela PiniOn para a Associação Comercial de São Paulo (ACSP), alcançou 96 pontos em junho, mantendo-se estável em relação a maio, mas apresentando queda de 2,0% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
A estabilidade mensal ocorre após um leve aumento registrado em maio, mantendo o INC no campo pessimista (abaixo de 100 pontos). A sondagem foi realizada com uma amostra nacional de 1.679 famílias residentes em capitais e cidades do interior.
Os resultados foram mistos: com ausência de variação da confiança nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste, redução para as famílias do Norte e aumento para as residentes no Sul. Entre as classes socioeconômicas, os resultados também foram variados: o índice recuou na classe AB, subiu levemente na C e permaneceu estável na DE.
Houve leve melhora no entendimento das famílias sobre sua situação financeira atual. No entanto, as perspectivas futuras em relação à renda e emprego apresentaram moderada deterioração em comparação ao mês anterior, com diminuição da segurança no emprego, contribuindo para a estabilidade do índice.
A deterioração das perspectivas futuras resultou em menor disposição a comprar itens de maior valor, tais como carro e casa, e bens duráveis, como geladeira e fogão, geralmente financiados com crédito. A propensão a investir para o futuro também apresentou queda.
Em síntese, o INC de junho mostrou estabilidade na comparação mensal, embora continue caindo em termos interanuais. Em ambos os casos, o índice permanece no campo pessimista.
Para o economista da ACSP, Ulisses Ruiz de Gamboa “a atividade econômica e o emprego ainda mantêm certa resiliência, o que, somado ao aumento do novo consignado e a outras transferências de renda governamentais, sustenta o ânimo e o consumo das famílias. Porém, a elevada inflação de produtos básicos, o alto grau de endividamento das famílias e os efeitos negativos das altas taxas de juros sobre a atividade econômica, que já começam a ser percebidos, poderão reduzir a confiança do consumidor ao longo dos próximos meses”, completa Ruiz de Gamboa.