Análise prévia foi realizada pelo professor e mestre em Economia Política, André Galhardo
Confira a análise prévia sobre os principais eventos econômicos desta semana feita pelo professor e mestre em Economia Política, André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online, principal plataforma digital de transferências internacionais do país:
- O Copom deve justificar por meio da ata da última reunião de política monetária a decisão de reduzir a Selic em 0,5%. Embora não seja o único fator que ajude a explicar a recente desvalorização da moeda brasileira, a decisão do Copom teve impacto significativo no movimento. A moeda americana passou a ganhar terreno em relação ao Real ao longo desta semana, sobretudo depois que os dados da pesquisa ADP sugeriram a criação de mais de 320 mil novos postos de trabalho nos EUA em julho, número muito superior aos 180 mil projetados pelo mercado. Parte dos ganhos do dólar nos últimos dias estava sendo devolvida com a forte valorização da divisa brasileira na manhã de sexta-feira (04) depois que os dados oficiais do mercado de trabalho estadunidense foram conhecidos e sugeriram a continuidade do processo de desaceleração gradual da economia. Posto isso, o Copom deve se apegar ao recente comportamento da inflação brasileira e à inflação prospectiva, que continua em ritmo de queda.
- O índice oficial de preços do Brasil deve mostrar cenário positivo no mês de julho. Depois de mostrar deflação de 0,08% no mês de junho, o IPCA deve apontar para um ligeiro aumento no mês passado, respaldado pela força deflacionária registrada nos bens industrializados e na categoria de alimentos e bebidas. Indicadores de alta frequência confirmam o movimento de acomodação dos preços domésticos depois de uma reversão na tendência de deflação registrada há algumas semanas. Nossa expectativa é de que o IPCA de julho fique em torno de 0,05% perfazendo uma inflação anualizada de 3,92%.
- No campo da atividade econômica esperamos por números ligeiramente melhores em junho. Depois da surpresa vinda do setor industrial, que cresceu 0,1% em junho, contra expectativa de que o setor encolheria no período, esperamos por dados positivos vindos tanto do setor de serviços quanto do comércio varejista. Ainda que se materialize, o crescimento simultâneo dos setores brasileiros no mês de junho não demove o entendimento de que a atividade econômica doméstica está em processo de desaquecimento.
- Inflação norte-americana deve se mostrar sob controle, pelo menos em julho. A expectativa do mercado é de que o índice oficial de preços dos Estados Unidos varie 0,4% no mês de julho, ante variação de 0,2% no mês de junho. Apesar do relativo controle das variações mensais nos últimos meses, a recente escalada dos preços do barril de petróleo no mercado internacional deve trazer alguma elevação dos preços no mês de agosto. O Fed de Cleveland já projeta uma variação mensal ligeiramente superior a 0,6% este mês, o que elevaria a taxa anualizada de 3,4% para 3,9%, quase 2% acima da meta de inflação do Federal Reserve. Apesar dos dados do payroll de julho sugerirem alguma convergência da atividade econômica para patamares mais baixos, os dados de inflação estarão no radar dos investidores para tentar estimar os próximos movimentos do banco central local.
- A inflação chinesa deve dar a tônica da economia na entrada do terceiro trimestre do ano. Os dados de inflação, volume de empréstimos e balança comercial continuam apontando para alguma perda de ritmo da economia asiática. Apesar dos recentes esforços do Banco Popular da China em manter o ritmo de expansão da atividade econômica, a economia local continua emitindo sinais de crescimento abaixo do esperado. Ao contrário do que tem sido visto no Ocidente, a China não tem inflação neste momento. Nos 12 meses encerrados em junho, a variação dos preços aos consumidores foi de 0%. Considerando os recentes indicadores antecedentes, esperamos pela manutenção da inflação em patamares muito baixos, o que deve abrir caminho para mais estímulos do banco central local.