Com mais de 90% de chance de cura quando detectado no início, doença exige atenção, informação e exames regulares — especialmente a partir dos 50 anos
Em alusão ao mês de conscientização sobre o câncer de próstata, o Plano Brasil Saúde reforça a importância da prevenção, do diagnóstico precoce e do tratamento da doença, que é a segunda causa de morte por câncer entre os homens brasileiros.
Segundo estimativas do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil deverá registrar cerca de 71.740 novos casos de câncer de próstata por ano até 2025, um aumento de 8,5% em relação à estimativa anterior. A doença representa 30% de todos os casos de câncer entre homens e é responsável por mais de 16 mil mortes anuais.
Sintomas e sinais de alerta
O câncer de próstata costuma evoluir de forma silenciosa. Quando presentes, os sintomas podem incluir:
Dificuldade para urinar
Urgência ou aumento da frequência urinária, especialmente à noite
Dor óssea (em casos avançados
Sangue na urina ou no sêmen
Dicas de prevenção
O Plano Brasil Saúde recomenda:
- Consulta anual ao urologista a partir dos 50 anos (ou 45, para homens negros ou com histórico familiar);
- Exames de PSA e toque retal, que ajudam na detecção precoce;
- Alimentação equilibrada, rica em frutas, verduras e pobre em gorduras saturadas;
- Atividade física regular;
- Evitar o tabagismo e o consumo excessivo de álcool
Avanços e tendências no tratamento
O tratamento do câncer de próstata tem evoluído rapidamente, com foco em estratégias personalizadas, menos invasivas e com maior preservação da qualidade de vida. Entre os principais destaques estão:
Cirurgia robótica no SUS: mais precisão e recuperação acelerada
A prostatectomia radical assistida por robô (PRAR) foi recentemente incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS), após aprovação da Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias). Antes restrita à rede privada, essa tecnologia agora está disponível em hospitais públicos com alto volume de casos.
Principais benefícios:
- Menor sangramento e menos complicações pós-operatórias
- Alta hospitalar mais precoce e menor tempo de internação
- Melhor preservação das funções urinárias e sexuais
- Redução de custos hospitalares no médio prazo
- Menor necessidade de transfusões e reoperações
Atualmente, cerca de 40 robôs estão em operação no SUS, concentrados nas regiões Sul e Sudeste, o que ainda representa um desafio de equidade no acesso.
Radioterapia ablativa (SBRT) e Lutécio-PSMA: eficácia em casos metastáticos
A radioterapia estereotáxica ablativa (SBRT) tem se mostrado eficaz em pacientes com até três lesões metastáticas detectadas por PET-PSMA. Estudos recentes indicam que mais de 80% dos pacientes alcançam níveis indetectáveis de PSA após 12 meses, com baixa toxicidade e rápida recuperação hormonal.
Já o Lutécio-PSMA, um radiofármaco que leva radiação diretamente às células tumorais, tem demonstrado respostas de PSA em até 90% dos casos e até 25% de resposta completa sem necessidade de bloqueio hormonal. Essa abordagem representa uma alternativa promissora à castração química, especialmente em pacientes oligometastáticos.
Terapias hormonais intermitentes e inibidores de PARP
A personalização do tratamento também inclui o uso de terapias hormonais intermitentes, que permitem períodos de descanso hormonal, reduzindo os efeitos colaterais sem comprometer a eficácia.
Além disso, inibidores de PARP, como o Niraparibe, têm mostrado resultados expressivos em pacientes com mutações nos genes BRCA1/2. O estudo Amplitude revelou uma redução de 48% no risco de progressão da doença nesse subgrupo, embora com efeitos colaterais hematológicos que exigem monitoramento cuidadoso.
Inteligência artificial: decisões mais seguras e personalizadas
A IA já é usada para interpretar exames de imagem, biópsias e até prever o comportamento tumoral. Em estudos como o STAMPEDE, algoritmos multimodais foram capazes de identificar pacientes que realmente se beneficiam da intensificação terapêutica com abiraterona, evitando tratamentos excessivos.
Além disso, plataformas de IA estão sendo integradas ao planejamento cirúrgico e radioterápico, aumentando a precisão e reduzindo riscos.