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Além do Digital-First: Como a IA transforma o ecossistema bancário brasileiro em AI-Centric

Alessandro Buonopane, CEO Brasil da GFT Technologies / Foto: Divulgação
Alessandro Buonopane, CEO Brasil da GFT Technologies / Foto: Divulgação

Confira artigo de Alessandro Buonopane, CEO Brasil da GFT Technologies

O setor bancário brasileiro vive uma inflexão histórica, guiada por um salto expressivo em investimentos em tecnologia que, nos últimos cinco anos, cresceram 58,4%, atingindo R$ 47,8 bilhões previstos para 2025, segundo pesquisa da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Esse ritmo intenso de alocação de recursos não apenas consolida os bancos como protagonistas da transformação digital, mas também ancora e acelera o desenvolvimento de todo o ecossistema de tecnologia da informação no país. No centro dessa revolução está a Inteligência Artificial (IA), que, junto à computação em nuvem, transforma radicalmente a estrutura, os produtos e a operação das instituições financeiras.

Vivemos um momento em que ser “digital-first” já não é suficiente e essa movimentação não ocorre ao acaso. Ela sustenta, de forma direta, a evolução de companhias de tecnologia – especialmente aquelas com atuação “AI-Centric” – que veem no setor financeiro um cliente cada vez mais sofisticado, exigente e disposto a investir em soluções de ponta.

O impulso por IA, IA Generativa e Analytics tem gerado um ciclo virtuoso: quanto mais os bancos avançam em maturidade tecnológica, mais demandam soluções inovadoras, abrindo espaço para parcerias, novos modelos de negócio e desenvolvimento de talentos especializados. No nosso caso, o setor financeiro é mais que um vertical de negócios – é um verdadeiro laboratório vivo para aplicações de IA em escala.

A consolidação da IA como um dos pilares da arquitetura bancária vai além do discurso. O estudo da Febraban mostra que 61% de aumento no investimento em IA e dados será destinado a aplicações com foco em eficiência operacional, segurança, personalização e predição. Os resultados são claros:

  • 38% dos bancos que já implementaram IA registram ganhos superiores.
  • 20% de crescimento em eficiência.
  • 80% já incorporam IA Generativa em suas operações com aumentos mensuráveis de produtividade.

No entanto, o dado mais revelador talvez seja outro: menos da metade dessas instituições possui governança estruturada para IA, o que abre oportunidades para empresas de tecnologia atuarem também na maturidade e segurança dessa transformação. Essa corrida pela inteligência traz efeitos multiplicadores.

Em um país com desafios estruturais e gaps de infraestrutura, ver o setor financeiro migrar todos os seus domínios de negócios para a nuvem e ampliar os investimentos em cloud em 89% das instituições cria um padrão de exigência e competitividade. O impacto é imediato: infraestrutura mais flexível e escalável, maior capacidade de processar dados em tempo real e um ambiente mais propício à inovação contínua. Trata-se de uma base tecnológica que, ao se consolidar nos bancos, beneficia toda a cadeia – de fintechs a provedores de software corporativo.

A tecnologia, quando aliada à estratégia, transforma não só o que fazemos, mas como pensamos. A personalização em tempo real, habilitada por IA e dados, já se tornou uma exigência dos clientes bancários e, com isso, molda todo o desenho de jornada e relacionamento das instituições. Segundo projeções internacionais, o mercado global de hiperpersonalização no setor financeiro pode alcançar US$ 21,79 bilhões até 2031. Para as empresas de tecnologia que fornecem esse tipo de solução, há uma janela rara de oportunidades para escalar inovação com impacto direto e mensurável nos negócios de seus clientes.

O avanço da IA nos bancos também tem efeitos internos importantes: R$ 1,4 bilhão serão investidos para melhorar a experiência de trabalho dos colaboradores, incluindo estratégias de reskilling e novas contratações em TI. Hoje, 11% do quadro dos bancos já está concentrado em tecnologia, com demanda crescente por desenvolvedores, cientistas de dados e especialistas em cibersegurança. Isso reforça um ponto crucial: inovação tecnológica no setor bancário é também uma política ativa de desenvolvimento de talentos e geração de empregos qualificados.

Em um cenário global onde 81% dos CEOs do setor bancário consideram o investimento em IA Generativa uma prioridade máxima, o Brasil se destaca não apenas pelo volume, porém pela velocidade de adoção. A tecnologia é, hoje, o maior diferencial competitivo dos bancos, e as empresas “AI-Centric” que atuam nesse ecossistema têm papel-chave em ajudar essas instituições a transformarem dados em decisões, processos em plataformas inteligentes e clientes como protagonistas de jornadas digitais transformadoras. Tudo isso posiciona o país como um centro de excelência em tecnologia bancária e contribui para o fortalecimento da imagem de polo de inovação tecnológica.

O futuro promete desafios e oportunidades ainda maiores, com tendências como tokenização de ativos, revolução nos pagamentos internacionais e transformação da engenharia de software através da IA. Mais do que uma reação à disrupção, o setor financeiro está pavimentando a trilha da próxima era da economia digital. O investimento contínuo em tecnologia por parte dos bancos não apenas sustenta, mas desafia o setor de TI brasileiro a inovar constantemente, com agilidade, responsabilidade e visão de futuro.

Em tempos de incerteza, esse movimento é um sinal claro: a transformação digital não é mais uma escolha – é o caminho para a relevância e a resiliência. O crescimento dos investimentos bancários em tecnologia não apenas sustenta, mas acelera o desenvolvimento do setor tecnológico brasileiro, criando um círculo virtuoso de inovação que beneficia toda a economia e reforça a posição do Brasil como protagonista na transformação digital global.

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