Confira artigo de Araquen Pagotto, CEO da Web Automação
Assim como a indústria criativa, o setor de automação também surfa uma onda do mercado de food service, que passa diariamente por transformações. Em menos de uma década, mergulhamos em um mar de novidades, dos aplicativos de entrega ao boom do auto-atendimento.
Um assunto que vem ganhando mais espaço e, particularmente, me chamado a atenção é a entrada da chamada Geração Alfa – crianças nascidas entre 2010 e 2024 – no mercado de trabalho e, consequentemente, sua participação ativa na economia enquanto consumidor. Quem se envolve em quaisquer relações comerciais, independente do lado do balcão, precisa estar de olho nessa movimentação, que – ao que tudo indica – será um capítulo totalmente inédito para todos nós.
Autonomia e independência
Recentemente, participei como convidado do NRA Show, em Chicago (EUA), onde insights geracionais foram debatidos. Entre tantas conversas, fui apresentado a um novo cenário: essas pessoas, geradas no século 21, têm sido expostas a alimentos sólidos ainda nos primeiros meses de vida. E não é apenas isso: esses bebês têm tido a experiência de se alimentarem com autonomia – digamos que quase individualmente.
Obviamente, há obstáculos, pois manipular comida em pedaços (e não pastosa, como se convencionou anteriormente), ainda em uma fase da vida em que temos movimentos limitados, não é a tarefa mais fácil. Entretanto, fiquei me perguntando: qual o grau de independência podemos esperar desses indivíduos, no futuro, em relação ao mundo e – dentro do que me cabe – ao consumo na cadeia varejista?
O estudo apresentado na Cidade dos Ventos ainda fez um comparativo com as gerações anteriores. De acordo com alguns dados apresentados, os mais jovens, como a Gen Z e os Millennials, são mais abertos a experimentar novos sabores autênticos e globais, enquanto as anteriores preferiam pratos mais familiares e tradicionais. Há ainda uma crescente demanda dos consumidores por experiências alimentares novas e emocionantes.
Ao tratar da vivência de uma nutrição sólida ainda no primeiro ano da criança, o apresentador discutiu o impacto potencial dessa mudança nas preferências e experiências alimentares da Alfa, sugerindo que eles podem ser mais abertos a experimentar uma variedade maior de sabores e texturas desde cedo.
Mais do que isso, fiquei me questionando sobre o quanto essa autonomia influenciaria positivamente, não apenas na tomada de decisão por parte desse público, mas também na independência deles, tanto profissional quanto pessoalmente. A forma que o setor de food service atua precisará ser reinventada, afinal, estamos diante de jovens que sequer sabem o que é consumir algo passivamente.
Perfis de consumo em transformação à vista
Muito se diz sobre o quanto os nativos do século 21 já “nascem” conectados e, portanto, têm relações de intimidade com as telas. Mesmo sendo uma realidade – digamos – inquestionável, costumo dizer que essa hiperconectividade e essa relação próxima com os dispositivos móveis são mais latentes na Geração Z.
O que vejo, como característica predominante, na Alfa é uma propensão à liderança nata, com alto nível de exigência e autonomia. Mas diferente dos anteriores, percebo uma mudança no que diz respeito à persistência, isto é, são pessoas que tendem a se apropriar mais do que faz parte de suas respectivas vidas, sem receio de tatear suas atividades, assim como o fizeram desde cedo com os alimentos.
Ainda não sabemos como esses jovens vão interagir com marcas, prestadores de serviços e restaurantes – se essas relações serão mais virtuais, por meio de apps, ou se acontecerão mais presencialmente, diferente dos nativos digitais da Gen Z. O mais importante aqui é que estejamos preparados, tanto na ponta do food service quanto no segmento de automação comercial, para recebê-los da maneira mais apropriada possível, falando uma linguagem contemporânea a essa audiência.
Do ponto de vista de uma empresa, presumo um acirrado “ponto de corte” desse novo consumidor em relação à qualidade ofertada. O segmento de automação de meios de pagamentos, ao dialogar com essas pessoas, seja pelas telas, seja pelas ferramentas eficazes que desenvolve, terá uma promissora audiência adiante – mas se essa será leal, só poderemos responder daqui a alguns anos.