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Aliança entre IA e produtividade pode gerar mais empregos – e não menos

Alessandro Buonopane, CEO Brasil da GFT Technologies / Foto: Divulgação
Alessandro Buonopane, CEO Brasil da GFT Technologies / Foto: Divulgação

Confira artigo de Alessandro Buonopane, CEO Brasil da GFT Technologies

Estamos atingindo a marca de um ano desde o lançamento do ChatGPT em sua versão mais recente, pelas mãos da Open AI. E, de lá para cá, a agenda em torno da Inteligência Artificial (IA) e suas infindáveis possibilidades só cresce exponencialmente, na mesma medida em que o mundo dos negócios olha para essa nova tecnologia como a entrada em uma nova era revolucionária. Não há como negar: estamos mais ágeis, velozes e produtivos.

No mundo pós-pandemia, com pressões por toda a parte, redução de investimentos e a adoção de medidas por maior custo-benefício e eficiência, a produtividade tenderia a ser afetada diretamente em todas as cadeias produtivas. Todavia, a adoção da IA para automatizar tarefas simples e repetitivas, que consomem tempo e energia, vem sendo um paradigma que apenas reforça como a transformação digital não é só desejada, mas também imperativa.

Hoje já começa a se tornar comum que ferramentas de IA agendem reuniões, filtrem e/ou redijam e-mails, gerem relatórios, transcrevam áudios, criem faturas, gerenciem projetos, entre outros. Setor essencial em um país como o Brasil, a agricultura já se beneficia com o mapeamento e rastreamento de colheitas, manejo de pragas, análises do solo e processos de irrigação – tudo de maneira preditiva, uma das fortalezas da IA ao manejar grandes fluxos de informações.

Outro amplo setor, o de e-commerce e marketplace também se vê em franca evolução por, com o uso da IA, melhorar consultas e rastreamento de pedidos. O impacto também se vê, por consequência, em processos de reservas, preços, processamento e rastreamento em indústrias como a hoteleira. E tudo isso impacta a experiência do cliente, outra vantagem mediante à construção de arquiteturas que, ao enriquecer os seus dados, entregam resultados personalizados.

Ainda assim, apesar dos diversos exemplos de sucesso, isto não significa que a IA pode resolver todos os problemas ou servir a todos os propósitos. Ela tampouco irá substituir o capital humano, um dos maiores temores quando o assunto vem a público. Enquanto áreas se que baseiem em regras e análises preditivas possam ser muito beneficiadas, a IA (ainda) não possui compreensão profunda de contextos, não entende metáforas e não prevê a causalidade que, assim, demanda a presença humana como curadora dos processos centrais.

Como conhecedor de tecnologia, acredito que a chave para usar a IA está vinculada ao seu impacto na multiplicação das capacidades humanas. E isto deve ser visto de forma estratégica. O aumento de produtividade da ordem de 35% com a adesão à IA Generativa foi atestado há alguns meses em um estudo produzido por especialistas do MIT e da Universidade de Stanford. No mesmo conteúdo, o uso de soluções de IAG permitiu ainda uma redução de 14% no tempo gasto para funcionários realizarem as suas tarefas – até mesmo os mais inexperientes bateram suas metas. Como pano de fundo, abriu-se mais tempo para outras atividades.

De maneira otimista, alguns especialistas apontam que metade de todo o trabalho que conhecemos hoje estará automatizado entre 2030 e 2060, com reflexos entre 0,1% e 0,6% na taxa de produtividade e US$ 4,4 trilhões em valor total à economia global. Não é pouca coisa. Pelo que enxergo no mercado e nas conversas com amigos e colegas, é nítido também que nenhum desses benefícios trazidos pela IA para maior produtividade se faz possível sem o desenvolvimento interno de talentos (recrutamento, treinamento e etc.) e alterações nos planos de carreira, com uma melhor gestão interna dos conhecimentos, de maneira mais colaborativa. Setores como os de marketing, vendas e engenharia de software parecem estar à frente neste sentido, porém é esperado que outros venham a aderir com velocidade.

Em comum entre todos os campos da economia e dos negócios, quando o tema é a produtividade, está a busca pela constante descomplicação de fluxos, de erros, de retrabalho e da necessidade de funcionários se verem imersos em tarefas pouco significativas. Uma vez mais produtivos, eles poderão não só produzir mais, mas também ser mais criativos e, por consequência, estarem mais apto a inovar – e menos estressados. Estamos falando aqui de como a IA pode impulsionar toda uma nova cadeia virtuosa que ainda veremos adiante.

Isto foi algo que um levantamento da Microsoft, intitulado “2023 Work Trend Index: Annual Report”, já havia farejado. De acordo com o material, embora 49% dos trabalhadores se preocupem com a perda de emprego para a IA, 70% deles a usariam para serem mais produtivos e criativos. Na outra ponta, líderes declararam estarem duas vezes mais interessados em utilizar a IA para maior produtividade do que diminuir o quadro de funcionários. Aqui estamos falando no impacto em 75 milhões de empregos, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Contudo, se quase 70 milhões de pessoas podem se ver substituídas pela IA, há mais de 426 milhões de posições com potencial de crescimento com a adoção da tecnologia em seus postos.

Falando em empregos, é importante ressaltar que a demanda já supera a oferta por profissionais que possuam habilidades em tecnologia de dados e processamento de linguagem natural, elementos centrais no uso da IA. Ou seja, investir no capital humano é primordial para quem quiser liderar o seu setor com o uso desta tecnologia. Quem já possui esses colaboradores já vê a resolução de problemas de ponta a ponta, com a utilização de modelos que realizam tarefas de raciocínio mais complexas e ricas – o que permite criar aplicativos de IA mais avançados e sistemas de produtividade que se tornam mais sistemáticos e orientados à execução integrada.

Tão claros quanto os benefícios palpáveis da IA para a produtividade são os próximos passos a serem dados. Cada vez mais será preciso ter aptidões para trabalhar com ferramentas de IA, da mesma forma que há décadas atrás se pensava quando do advento da Internet ou do computador. Não basta apenas conhecê-las, porém também serão necessárias qualificações analíticas, críticas, que permitam resolvem problemas complexos. Para as empresas, expor mais e mais os seus colaboradores à IA já apresenta impactos no seu próprio valor de mercado.

Como o ChatGPT e ferramentas do gênero embarcadas em IA nos mostram, saber “conversar” com os dados e algoritmos é o caminho para gerar as melhores respostas e resultados práticos.

*Alessandro Buonopane é CEO Brasil da GFT Technologies

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