Incertezas do mercado externo e crescimento abaixo do esperado na China são alguns fatores que podem contribuir negativamente
Na última semana, a Allianz Trade Brasil realizou o primeiro Credit Talk do ano, evento que debate os principais pontos de comportamento e risco da economia para o mercado, tendo o know-how de mais de 80 milhões de empresas atendidas em todo o mundo e a liderança no mercado global e nacional em seguro de crédito comercial.
Trimestralmente, a Allianz Trade avalia 18 setores da economia, utilizando como metodologia quatro principais pilares: demanda, rentabilidade, liquidez e aspectos legais, analisando em profundidade quais setores apresentam melhor performance, além das perspectivas para cada um deles no próximo ano.
O tema central desta edição foi o Cenário Macroeconômico do Brasil e a Visão Setorial para 2024, com a apresentação do Diretor de Crédito da Allianz Trade Brasil, Felipe Tanus, e das gerentes de subscrição, Thais Rosa, e de crédito, Julie Hiraga.
Tanus apresentou uma análise geral macroeconômica atual do país e lembrou que 2023 foi um ano de grande movimentação política e econômica, com a tramitação de projetos no Governo e a busca de apoio no Congresso Nacional, além do crescimento do PIB projetado inicialmente em menos de 1%, com um cenário de inflação persistente e juros em um patamar elevado.
“A última divulgação oficial do PIB confirmou um crescimento de 2,9%, um pouco abaixo da perspectiva interna da Allianz Trade (3,1%), ainda assim acima da projeção do mercado há um ano, que era de, no máximo, 1%. Essa performance se deve também ao bom desempenho do agronegócio, que obteve crescimento de 15% em 2023, tendo a soja e o milho como destaque na oferta. Na demanda, o consumo acelerado das famílias, com crescimento de mais de 3%, reforça a recuperação do mercado de trabalho e a melhora do rendimento real”, analisa.
Fatores de impacto nas projeções
Para este ano, a previsão da Allianz Trade para o PIB brasileiro é de +1,7%, com uma inflação controlada de +4%, em comparação com o ano anterior. Segundo o Diretor de Crédito, essa projeção mais conservadora em 2024 é explicada por alguns fenômenos.
O primeiro deles é o avanço do El Niño, além das incertezas do mercado externo, como o conflito entre Rússia e Ucrânia, que devem continuar a impactar os preços dos insumos agrícolas. Outro ponto importante é o crescimento abaixo do esperado na China, um grande parceiro comercial do Brasil, e por fim as eleições presidenciais nos Estados Unidos, que sempre geram um cenário de imprevisibilidade.
“Outro ponto importante é a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia, que por um lado irá favorecer a arrecadação do Governo, mas por outro irá aumentar os custos das empresas para contratação de funcionários, o que pode dificultar a redução da taxa de desemprego no país, que recentemente atingiu o menor patamar desde 2015”, explicou o executivo.