Estudo global “Consumer Outlook: Guide to 2026” mostrou que 44% dos consumidores adotam hábitos cautelosos na hora de realizar as compras de casa
Os consumidores brasileiros seguem cautelosos em suas compras domésticas, apesar de não identificarem piora financeira significativa. De acordo com estudo global “Consumer Outlook: Guide to 2026”, da NielsenIQ, essa é uma tendência mundial e fortalece marcas com as quais o consumidor tenha estabelecido um vínculo de confiança.
O estudo mostrou que 44% dos respondentes adotam hábitos cautelosos na hora de realizar as compras do dia a dia, embora não tenham identificado uma piora significativa em sua situação financeira que ameaça a segurança do consumo em seus lares.
Apesar disso, a sensação ainda é ruim. Quando questionados sobre como está a situação das compras domésticas hoje em relação ao ano passado, a opção “Totalmente Pior” atingiu o índice de 34%.
Para os que enxergaram a piora, a principal causa foi o aumento do custo de vida (78%), e a maior preocupação para os próximos seis meses é o aumento do preço de alimentos (20%). Apesar disso, quando questionados se acreditaram que estariam melhor no início de 2026 em comparação com hoje, “Totalmente Melhor” atingiu o índice de 65% das respostas.
No recorte geracional, a geração X percebe com mais intensidade a piora da situação financeira, sendo esse grupo o que atingiu o mais alto índice na resposta “Totalmente Pior”, com 41%, ao serem questionados sobre a situação atual em comparação com o ano passado. Para eles, a principal causa da piora também foi o aumento do custo de vida (85%).
Apesar disso, são os Boomers os mais cautelosos, com 58%. A geração X também é o segundo grupo mais pessimista em relação a como estará a situação financeira no ano que vem. O índice “Totalmente Pior” ficou em 18% para esse grupo geracional, atrás apenas dos Boomers (26%).
Nesse contexto, cresce a relevância da confiança das marcas no público. De acordo com a pesquisa, 76% dos respondentes consideram muito importante confiar na marca que comprou, enquanto apenas 24% consideram de alguma forma importante a confiança. Só 1% não se importa.
“O crescimento das marcas depende de volume – conquistar visitas e cestas por meio de um sortimento de produtos mais preciso, inovação e ofertas de marcas próprias que façam o dinheiro limitado do consumidor render mais. Apesar da cautela crescente dos consumidores, as marcas podem conquistar lealdade ao construir confiança e oferecer valor além do preço”, disse Marta Cyhan-Bowles, diretora de Comunicações e líder do Centro de Excelência Global de Marketing da NIQ.
A oportunidade para as marcas construírem uma relação de confiança com o consumidor brasileiro está atrelada à qualidade e consistência dos produtos – 66% dos respondentes disseram que essa é o principal fator que cria esse vínculo.
Digitalização
O padrão de consumo do brasileiro também avança significativamente no mundo digital, sendo essas formas alternativas de compra cada vez mais comuns. A pesquisa mostrou que o item “Totalmente Sim” atingiu 55% para a pergunta sobre a realização de compras em “quick commerce” ou “ultra-fast delivery”.
“Totalmente Sim” também foi a opção mais marcada pelos consumidores (60%) ao serem questionados sobre o interesse em uso de ferramentas para auxiliar nas compras, tais como assistentes virtuais, Inteligência Artificial e outros. Entre as plataformas de mídia social, o Whatsap ainda é o preferido pelos brasileiros para compras nesse sentido.
O apetite por esse tipo de compra mais tecnológico é destaque entre os Millenials e a Geração Z. Esses dois grupos alcançaram, respectivamente, índice de 61% e 63% na pergunta sobre uso de quick commerce e ultra-fast delivery.
Em relação ao interesse pelo uso de ferramentas tecnológicas como Inteligência Artificial, também foram essas as gerações com maior presença na resposta “Totalmente Sim”, tendo os Millenials marcado 64% e a Geração Z, 70%.
Quanto ao uso do Whatsapp para compra de produtos, a Geração Z é a mais presente (45%), seguida pelos Millenials (33%) e pela Geração X (29%). Os Boomers ficam em último lugar, com 21%.
Tendência mundial
A tendência se repete no resto do mundo. O estudo indicou que os consumidores se adaptaram às mudanças constantes, diante de um cenário de incertezas, com inflação e gastos diários. Os dados mostraram que 40% dos consumidores globais disseram serem cautelosos enquanto os impactos da inflação arrefecem.
O estudo também demonstrou que os consumidores estão mais inclinados a gastar com marcas e varejistas que inspirem confiança, personalização e conveniência. Nos Estados Unidos, por exemplo, produtos de rótulo limpo (alimentos simples como frutas, legumes e grãos) estão crescendo a uma taxa de +7,5% neste ano, em comparação com a média de +5,9% do mercado total de bens de consumo de giro rápido (FMCG) no país. A confiança agora é um diferencial-chave, com 95% dos consumidores afirmando que a confiança é fundamental na hora de escolher uma marca.
A inflação ainda é o maior vilão ao redor do mundo para o consumidor, especialmente em relação ao preço dos alimentos. A volatilidade dos preços no comércio internacional de comodities também adiciona pressão às marcas. O preço do café cresceu 26.9% entre 2024 e 2025, enquanto cacau subiu 127,9% entre 2023 e 2024.
