Um dos mais importantes setores da economia brasileira, o agronegócio pode ultrapassar os 10% do Produto Interno Bruto (PIB) do País em 2023, segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O agronegócio foi o segundo setor que mais criou postos de trabalho no primeiro semestre de 2022, ficando atrás apenas dos serviços, de acordo com o Cadastro de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia. O salário médio na agricultura, pecuária, produção de florestas e pesca é de R$ 3,5 mil, mais que o dobro da média nacional de R$ 1,5 mil – fator que tem atraído muitos trabalhadores.
De acordo com a Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a agropecuária foi responsável pela criação de 84.043 vagas de emprego, em torno de 6,3% do total gerado no Brasil. As AgTechs, startups dedicadas à tecnologia na produção rural, são responsáveis por uma fatia desse número. Cientes dessa necessidade, muitos profissionais do agronegócio têm buscado se qualificar para entender e aplicar as novas tecnologias no campo.
O perfil do profissional de agronegócio do futuro
Com a aceleração da transformação digital no campo, surgem mais oportunidades para reinventar a operação agrícola. Ter conhecimento é fundamental na hora de colocar as atividades em prática, principalmente porque a falta de estudo e planejamento na área pode gerar custos, assim como o manuseio incorreto das máquinas.
Para o assessor técnico do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) Caio Vasconcelos, o profissional do futuro precisa estar adaptado e qualificado para atuar com a aplicação de tecnologias. “É uma tendência atualmente, observarmos a grande maioria das empresas do meio rural se utilizando de óculos de realidade virtual, se utilizando de modelos tecnológicos que venham a otimizar o seu sistema produtivo. Aquele profissional que pretende ter um bom desempenho no futuro, ele tem que estar engajado junto a essas tecnologias, com foco no aprimoramento produtivo e no desenvolvimento consistente das atividades rurais.”
O CEO & Fundador de uma empresa de recrutamento especializado em agronegócio, André Ceruz, por sua vez, observa que os profissionais do agro do futuro devem se atentar para aspectos extremamente importantes para quem deseja realizar um bom trabalho. “Se avançou muito em tecnologia, mas na área de recursos humanos por uma característica própria do agro, as faculdades do agronegócio são extremamente técnicas e quando vem para esse mercado que necessita performance, eficiência, você forma muita gente técnica, mas de fato, que chegam a suprir as necessidades desse momento do mercado, que não é só técnica, mas muita gestão, muito acompanhamento, gestão de pessoas, gestão de negócios, você tem uma deficiência da disponibilidade dessa mão de obra.”, observa o CEO em participação de webinar sobre o profissional do futuro do agro realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). André Ceruz também destaca a necessidade de se aprender outros idiomas para melhorar a relação dos produtores com exportadores internacionais.
Para o engenheiro agrônomo e gestor de desenvolvimento de negócios de uma startup brasileira focada no agronegócio, Fábio Villela, é necessário que o profissional do futuro saiba também transformar as tecnologias a favor do agricultor. “É saber como entrar na forma do modelo de negócios para o agricultor, como entrar no agricultor, isso é importantíssimo. Hoje nós temos um movimento das multinacionais em abraçar as tecnologias, então cada multinacional de grande nome hoje tem sua ferramenta de tecnologia. Esse é um mercado que os agricultores de menor estrutura, tem que estar de olho, porque é difícil competir com eles, mas ao mesmo tempo, você tem uma oportunidade de criar uma solução e vender.”
A mobilidade no agronegócio também é um ponto a ser observado, cada vez mais os produtores otimizam processos, seja na produção ou no gerenciamento das tarefas. André Ceruz ainda ressalta que é necessário que o profissional do futuro invista em inovações, e que esse é um caminho fundamental para ampliar a produtividade. “eu não gosto daquela frase que diz: para onde todo mundo está indo, eu vou. Porque no agro se você for para onde todo mundo vai, você vai ser sempre técnico, não vai trazer essa inovação que o agro precisa, então você tem que buscar essa inovação.”