O relatório de inflação do Brasil para a primeira quinzena de fevereiro, que será divulgado no dia 25, deve apresentar pouca variação, com a inflação mensal (MoM) projetada em 0,10% (anteriormente 0,11%) e a inflação anual (YoY) permanecendo em 4,5%. Embora isso possa sugerir estabilidade, também representa um desafio crescente para o Banco Central, que precisa de sinais mais claros de desinflação para justificar novos cortes na taxa de juros.
Na Axi, acreditamos que essa estagnação da inflação mantém os formuladores de política monetária em uma posição delicada. Com a taxa Selic atualmente em 13,25% após os aumentos recentes, novas reduções nos juros neste ano parecem cada vez mais incertas. O otimismo do mercado em relação a cortes adicionais nos próximos meses pode estar superestimado, especialmente se a inflação continuar resistente ou se os riscos externos aumentarem.
O real brasileiro se estabilizou recentemente, mas os riscos persistem. Os alertas sobre novas tarifas impostas por Donald Trump ao Brasil adicionam uma camada extra de incerteza, podendo reacender a volatilidade no câmbio USDBRL. Uma moeda mais fraca pode pressionar a inflação para cima, reduzindo a margem de manobra do Banco Central para novas reduções na taxa de juros.
Até agora, o mercado tem reagido positivamente, com o Ibovespa acumulando alta de quase 9,5% desde meados de janeiro, à medida que investidores se posicionam para um cenário mais estável. No entanto, se a inflação não apresentar uma redução significativa, a confiança no ciclo de cortes pode enfraquecer, impactando o sentimento do mercado. Na Axi, temos observado um aumento no interesse dos traders em pares cambiais com o real, já que o mercado reavalia a trajetória da política monetária brasileira.
Com a inflação sem avanços expressivos, todas as atenções se voltam para a resposta do Banco Central. O risco agora é que as expectativas de cortes nos juros sejam adiadas ainda mais, com os formuladores de política monetária adotando uma postura cautelosa diante das incertezas tanto locais quanto globais.
