O saldo total das carteiras de veículos atinge R$ 510,8 bilhões no primeiro semestre de 2025, ante R$ 450 bilhões, em período correspondente em 2024
Em um cenário de juros elevados, com a taxa Selic em 15%, maior patamar desde 2006, o volume de recursos liberados para o financiamento de veículos no primeiro semestre de 2025 manteve-se estável em relação ao mesmo período de 2024, totalizando R$ 127 bilhões. Os dados são do Boletim Semestral da ANEF (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), com base em informações do Banco Central. O resultado indica uma leve recuperação do mercado, especialmente após a retração de 4,3%, registrada no primeiro trimestre.
O Crédito Direto ao Consumidor (CDC) continua sendo a modalidade com maior representatividade. Sozinha, atinge R$ 126,5 bilhões em recursos liberados. Outro indicativo positivo foi o crescimento de 13,4% no saldo total das carteiras de veículos, que saltaram de R$ 450 bilhões para R$ 510,8 bilhões nos seis primeiros meses do ano.
“Diante de um primeiro semestre marcado por instabilidade econômica e incertezas fiscais, o mercado de financiamento de veículos entra no segundo semestre de 2025 com projeções cautelosas. A manutenção do volume de crédito em R$ 127 bilhões indica uma resiliência importante”, afirma Enilson Sales, presidente da ANEF.
Para ele, os próximos meses dependerão de fatores-chave como a oferta de crédito e a confiança do consumidor. “Com o Banco Central mantendo a Selic em 15% e sem perspectiva de redução no curto prazo, o custo do financiamento continua elevado, restringindo o acesso principalmente para pessoas jurídicas. Ao mesmo tempo, a volatilidade tributária e o cenário internacional instável adicionam camadas de incerteza à tomada de decisão de consumidores e empresas. A expectativa é de um desempenho moderado até o fim do ano, com o setor apostando em estratégias próprias”.
O presidente da entidade também chamou atenção para o possível impacto do chamado “tarifaço” dos EUA. “No Brasil, o transporte rodoviário é essencial para o agronegócio, e ainda não é possível mensurar o efeito dessas tarifas no mercado de financiamento de caminhões pesados e extrapesados. Não há clareza suficiente para projeções”, afirma.
A expectativa da ANEF de crescimento de 8,5% nos recursos liberados para 2025 está mantida, mas com ressalvas. “Estamos atentos ao comportamento do mercado e à conjuntura econômica, que ainda impõem desafios à previsibilidade”, destaca.
Vendas à vista ganham força
O primeiro semestre também trouxe uma mudança de comportamento entre os consumidores, com leve aumento nas compras à vista em todos os segmentos no primeiro semestre do ano.
Em veículos leves, a participação aumentou de 50% para 52%. Financiamentos de carros caíram de 46% para 43%; e o consórcio aumentou de 4% para 5%. No caso de pesados, caminhões e ônibus, o destaque está para o salto de oito pontos percentuais nas compras à vista, que passaram de 25% para 33%. O financiamento recuou levemente (40% para 39%); o Finame teve queda significativa (31% para 20%) e o consórcio cresceu de 4% para 7%. O leasing voltou a aparecer, com 1% de participação.
Os clientes de motos também preferiram comprar à vista, elevando a participação de 31% para 36%. Vendas financiadas caíram de 37% para 32%, e consórcio se manteve em 32% de participação.