Uma pesquisa inédita da ABIMO (Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos) com o apoio do CFO (Conselho Federal de Odontologia) e executada pela consultoria italiana Key-Stone, revelou que apenas 23% dos brasileiros buscam atendimento odontológico pelo SUS. O levantamento, realizado entre dezembro de 2023 e dezembro de 2024, destacou que a maioria desses pacientes está em faixas de renda mais baixas e possui menor escolaridade.
Enquanto isso, 74% dos atendimentos são realizados na rede privada, evidenciando a predominância do setor particular na odontologia brasileira. Para Paulo Henrique Fraccaro, CEO da ABIMO, fatores como a infraestrutura deficiente nos municípios e a falta de integração entre médicos e dentistas impactam diretamente a utilização do SUS. “A maioria das cidades não tem estrutura odontológica adequada no SUS e, quando há, o atendimento é limitado, especialmente para casos complexos. Além disso, problemas dentários diagnosticados durante consultas médicas raramente resultam em orientação para buscar um dentista”, explica Fraccaro.
Claudio Miyake, presidente do CFO, enfatiza a relevância da Política Nacional de Saúde Bucal, que, desde 2023, incorporou o Programa Brasil Sorridente ao SUS. Segundo Miyake, a medida é um marco, mas depende de esforço conjunto entre União, estados e municípios para ampliar o acesso aos serviços odontológicos. “A nova política é um avanço importante, mas precisa ser efetivamente implementada para garantir que brasileiros, especialmente os mais vulneráveis, tenham acesso desde a atenção primária até tratamentos especializados”, ressalta.