Existe o risco de que o ciclo de corte só inicie em 2024
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) se reúne na terça-feira 2 de maio para decidir sobre a taxa Selic. De acordo com o Paraná Banco Investimentos, apesar do governo pressionar pela queda dos juros no país, a taxa deverá ser mantida, mais uma vez, em 13,75%.
De acordo com Pedro Oliveira, Tesoureiro do Paraná Banco Investimentos, há um risco de que o ciclo de corte só inicie ano que vem. “Apesar da inflação acumulada de 12 meses estar em 4,65%, abaixo do teto da meta (4,75%), pela primeira vez, desde 2021, ela está contaminada pelas medidas de desoneração dos combustíveis do final do ano passado. Sendo assim, o Banco Central foca no núcleo de inflação, que exclui itens voláteis como o combustível, que fechou em 7,51% no acumulado de 12 meses até em março, impactado principalmente pela inflação de serviços, que subiu 7,64% no mesmo período. Outro ponto importante observado pelo Comitê é a expectativa de inflação futura, que desde a última reunião do Copom se mantém em 4%, acima do centro da meta de 3%. Neste contexto, a inflação está muito longe da meta e não dá margem nenhuma para o Copom reduzir juros”.
Oliveira salienta ainda que “para começar a cortar juros, a expectativa de inflação de 18 meses a frente tem que cair, este é o horizonte relevante para o Banco Central. Um dos fatores para isso acontecer é a responsabilidade fiscal, sendo assim, o Governo terá que provar que a nova regra fiscal é factível, que irá limitar os gastos e controlar a dívida. Nossa expectativa, no cenário otimista, é o ciclo de corte começar em setembro, com cortes de 0,5 p.p., chegando a 12,25% em dezembro. No cenário pessimista, o ciclo só se inicia ano que vem e a Selic fecha 2023 em 13,75%”.
Sobre o IPCA, a inflação deve arrefecer perto de 3,5% na metade do ano, mas ainda deve fechar 2023 em 6%, já sem os efeitos da desoneração dos combustíveis e pressionada por serviços e transportes, uma vez que as expectativas de queda no preço do petróleo se reverteram com os cortes anunciados pela OPEP no começo do mês. Neste cenário de contínuo juro alto, o empréstimo consignado ainda é a melhor opção, dado que tem uma das menores taxas de juros entre os créditos livres.
Em relação ao câmbio, o dólar deve ficar ao redor de R$ 5,00 em 2023, com risco de alta, caso o cenário externo piore; e risco de baixa, caso o novo arcabouço fiscal mostre credibilidade no controle de gastos e estabilidade da dívida.
Para os investidores, a renda fixa ainda será protagonista em 2023, sendo que os papéis pós-fixados são os mais recomendados. Quanto aos investimentos de até 3 anos, os títulos prefixados também são uma opção interessante para capturar a queda da taxa de juros.