Luiz Maluf, da dataRain, ressalta que usuário da moeda digital estará submetido aos mesmos requisitos hoje vigentes para o papel
Após a recente polêmica envolvendo a tributação de transações via PIX, o debate sobre a implantação gradual do DREX pelo Banco Central do Brasil, prevista para ter início este ano, ganhou destaque. Para esclarecer mitos e reafirmar a eficácia da moeda digital soberana do Brasil, o especialista em tecnologia bancária da dataRain, Luiz Maluf, destacou as características inovadoras e os benefícios da nova tecnologia: “o DREX veio para inovar, e não como instrumento de controle fiscal”, afirma.
Maluf rebate o clima de desinformação das redes sociais sobre o DREX, destacando sua verdadeira função como um Certificado Digital do Banco Central (CBDC). Ele explica que essa tecnologia foi criada para modernizar o sistema financeiro, integrando transações financeiras, jurídicas e documentais de forma prática e eficiente. “A tecnologia dos smart contracts permite que as operações sejam liquidadas instantaneamente, eliminando burocracias”, diz.
O especialista lembra que desde as discussões iniciais em 2020, passando pelo desenvolvimento do MVP (Produto Mínimo Viável), piloto e transações de teste realizadas em 2024, o DREX já envolveu mais de 40 projetos com instituições como Itaú, Bradesco e Banco do Brasil. Entre as operações, transações de alto valor, incluindo câmbio internacional por meio de operações PvP (Payment Versus Payment), compra de automóveis tokenizados com DvP (Delivery Versus Payment), pagamentos em sistemas IoT (Internet of Things) e seguros utilizando finanças descentralizadas (DeFi). “As soluções para o provimento dos serviços com o DREX devem obrigatoriamente observar as normas vigentes do Banco Central, os direitos de privacidade dos usuários e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Isso significa que o usuário do DREX estará submetido aos mesmos requisitos de segurança da moeda em papel,” explica Maluf.
Maluf também critica teorias conspiratórias que associam o DREX a um suposto controle financeiro global. “Chegam a ser cômicos os vídeos do YouTube e TikTok com teorias da conspiração sobre o uso das moedas digitais. Pura desinformação”, acrescenta. Ele reforça que mais de 90% dos bancos centrais no mundo estão em diferentes estágios de implementação de CBDCs, citando países como Singapura, Índia, China e Inglaterra como exemplos.
Para o especialista, o DREX não substitui a moeda em papel imediatamente, mas é uma evolução gradual e necessária para acompanhar o ritmo de digitalização global, que deve mudar completamente a forma como realizamos nossas transações nos próximos cinco anos. “O dinheiro físico não é ecologicamente sustentável e sua gestão é difícil. Com a tecnologia blockchain, o DREX oferece uma operação segura e transparente”, finaliza.