Aprendizagem contínua é exigência no mercado de trabalho

Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria / Foto: Isaque Martins / Divulgação
Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria / Foto: Isaque Martins / Divulgação

Para Virgilio Marques dos Santos, fundador da FM2S, atualizar-se constantemente deixou de ser diferencial e virou condição para quem quer seguir relevante

Ter um diploma universitário já não é mais suficiente para garantir estabilidade ou crescimento na carreira. No cenário atual, marcado pela transformação digital e pela automação, a atualização constante se tornou uma exigência. “Empresas valorizam profissionais que aprendem rápido e se adaptam. O tempo do diploma vitalício acabou”, afirma Virgilio Marques dos Santos, sócio-fundador da FM2S Educação e Consultoria (startup sediada na Unicamp), gestor de carreiras e PhD pela Unicamp.

O conceito de aprendizagem contínua — ou lifelong learning, como é tratado por pesquisadores como Peter Senge — consiste em adquirir habilidades e conhecimentos ao longo da vida, de forma sistemática. Vai além de cursos formais, incluindo leitura, mentorias, experiências práticas e adaptação às mudanças do mercado. “Não se trata apenas de acumular certificados, mas de transformar o aprendizado em impacto real para a organização”, diz Santos.

Relatórios internacionais reforçam a necessidade desse movimento. O Education at a Glance 2024, da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), aponta que houve queda nos investimentos públicos em educação em vários países entre 2015 e 2021. No Brasil, a redução começou em 2018, afetando diretamente a qualificação profissional e ampliando a pressão para que trabalhadores busquem atualização por conta própria.

Além disso, levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que 14 milhões de trabalhadores no setor industrial precisarão ser qualificados nos próximos três anos: entre eles, 2,2 milhões deverão ser novos profissionais formados, e 11,8 milhões exigirão requalificação.

A ascensão da inteligência artificial acelera essas transformações. Tarefas rotineiras já são desempenhadas por algoritmos em áreas como finanças, logística e atendimento. “No setor financeiro, por exemplo, analistas que levavam dias processando dados hoje competem com sistemas que fazem o mesmo em segundos. O diferencial do profissional está em interpretar essas informações e propor soluções estratégicas”, avalia o especialista.

Além das competências técnicas, as socioemocionais ganham espaço como requisito de empregabilidade. “Habilidades como pensamento crítico, resolução de problemas e inteligência emocional passaram a ser tão valorizadas quanto o domínio de ferramentas digitais. Mais do que nunca, empresas precisam de equipes capazes de lidar com contextos incertos e encontrar alternativas criativas, e isso depende da capacidade de aprender continuamente”, reforça Santos.

Para o especialista, a aprendizagem contínua não deve ser vista como uma obrigação, mas como investimento em empregabilidade. Ler livros, participar de grupos de discussão, experimentar projetos paralelos e explorar diferentes áreas são caminhos para se manter atualizado. “Quem se apega apenas ao que aprendeu na faculdade corre o risco de se tornar dispensável. Já quem adota uma postura de evolução constante tende a se tornar indispensável”, conclui.

 

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