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Até 2030, os FIDCs alcançarão o patrimônio líquido de R$ 2,8 trilhões

Foto: xyz NFT gallery / Unsplash
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Estudo da Ouro Preto Investimentos mostra que o setor financeiro passa por uma grande transformação e, até o ano de 2039, o mercado de capitais dominará 70% das carteiras de crédito do país

O patrimônio líquido dos Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) deve se multiplicar por 6,5 vezes nos próximos seis anos, saindo dos atuais R$ 439 bilhões, registrados em fevereiro deste ano, para R$ 2,8 trilhões em 2030. A projeção é do estudo elaborado pela Ouro Preto Investimentos, uma das maiores gestoras de fundos deste tipo do Brasil, com cerca de R$ 10 bilhões de AuM. A expectativa é que até o final de 2024 existam 2.702 FIDCs em operação, número que deve subir para 6.249 até 2030.

“O setor financeiro passa por transformações tecnológicas e legais, responsáveis pela transferência das operações de crédito dos bancos para o mercado de capitais”, afirma o CEO João Baptista Peixoto Neto.

O crescimento da desintermediação já vem acontecendo de forma acelerada. Para se ter ideia, entre 2016 e setembro de 2023, a carteira de crédito nas mãos dos bancos cresceu 105,22%. No mesmo espaço de tempo a carteira sob gestão dos FIDCs evoluiu 347%.

Na avaliação de João Peixoto, os bancos perderão importância no mercado de crédito, que passará para as mãos do mercado de capitais em geral, e os FIDCs terão um papel central nessa transformação.

“Está havendo uma revolução porque o crédito está deixando de depender dos bancos, um segmento econômico altamente concentrado, e passando para o mercado de capitais na forma pulverizada, que é uma característica desse mercado, e fruto de centenas ou milhares de iniciativas. Ou seja, o mercado de crédito está se tornando cada vez mais descentralizado, distribuído e especializado. Esse crédito, se for bem estruturado, terá também boas garantias e melhores rentabilidades para os investidores, apesar dos riscos associados a esse processo de desbancarização e pulverização”, afirma.

Além da tecnologia e da legislação, a rentabilidade para os investidores é outro ponto que deve ser considerado na evolução do FIDC. Peixoto lembra que os papéis emitidos por grandes bancos, como CDBs, RDBs, LFs, LCIs ou LCAs são opções de renda fixa que possibilitam às instituições financeiras a captação de recursos oferecendo aos seus clientes rendimentos inferiores à taxa do CDI. Entretanto, esses papéis estão ficando pouco apetitosos porque os investidores descobriram as plataformas de investimento e, agora, querem ganhar mais do que a taxa básica de juros.

Mercado de capitais

O fenômeno, porém, não beneficiará apenas o segmento dos FIDCs, mas o mercado de capitais como um todo. O estudo da Ouro Preto também mostra que dentro de dez anos o mercado de capitais ultrapassará de vez os bancos no que diz respeito ao segmento de crédito. Hoje, 76% da carteira está nas mãos de instituições bancárias, mas em 2034, a situação se inverterá com o mercado passando a controlar 51% dos recursos. O montante será ainda maior em 2039: 70% contra apenas 30% nas mãos dos bancos.

Assim, graças às transformações pelas quais esse mercado vem passando, como a edição da Lei da Liberdade Econômica, o surgimento de plataformas de investimentos, a digitalização crescente, o surgimento do open finance, a explosão de fintechs, a criação ou utilização crescente de tipos de fundos de crédito como o Fiagro-FIDC, FIIs de papel, explosão de ofertas de debêntures, CRIs e CRAs, entre outros exemplos, a securitização de créditos está se tornando uma tendência irreversível e levando o setor de crédito cada vez mais para o mercado de capitais.

Este comportamento se repete em outras segmentos desse mercado. Por exemplo, entre 2016 e setembro de 2023, a carteira habitacional dos bancos evoluiu 84% contra 129% dos CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários). Já a carteira de infraestrutura e investimentos obteve acréscimo, no mesmo período, de 7,47% contra 39% das debêntures. Por fim, no financiamento do agronegócio, enquanto a carteira dos bancos aumentou 80%, a dos CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio) registraram salto de 163%.

“Essa transição é um caminho sem volta. E o FIDC terá um papel central nesta transição porque ele trará para o mercado de capitais todo o universo do mercado de crédito”, garante Peixoto.

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