Nos últimos meses, os casos de dengue dispararam no Brasil, com um aumento de 300% em Minas Gerais e duas mortes sendo investigadas em Ribeirão Preto. Segundo o Dr. Rubens Pereira, infectologista e professor do curso de Medicina da Universidade de Franca (UNIFRAN), diversos fatores explicam esse crescimento alarmante.
“Estamos vendo os quatro sorotipos do vírus circulando. Quem já teve dengue por um sorotipo está imune a ele, mas ainda pode contrair os outros três. Além disso, a cobertura vacinal foi baixa, o que amplia o risco, especialmente nesta época de chuvas, quando as pessoas, muitas vezes, não combatem os criadouros do mosquito”, explicou.
Os sintomas e fases da dengue
O Dr. Pereira destacou que os sintomas da dengue aparecem de 4 a 10 dias após a picada do mosquito Aedes aegypti infectado. A doença passa por três fases: febril, crítica e recuperação.
Na fase febril, sintomas como febre alta, dor muscular, dor de cabeça, dor atrás dos olhos e erupções cutâneas são comuns. Já a fase crítica, entre o terceiro e sexto dia, pode apresentar sinais de gravidade, como hipotensão, dores abdominais intensas, vômitos persistentes, sangramentos e até choque, podendo levar à morte.
“Se entre o terceiro e sexto dia surgirem sintomas como sangramentos, queda de pressão, diminuição da urina ou desmaios, é fundamental buscar atendimento médico imediato”, alertou.
Tratamento e cuidados
Atualmente, não há um antiviral específico para a dengue. O tratamento é de suporte, com foco em boa hidratação e alívio dos sintomas.
“O essencial é hidratar-se bem com água, água de coco ou bebidas isotônicas. Sintomáticos como dipirona ou paracetamol podem ser usados para febre ou dor, mas anti-inflamatórios estão contraindicados. Se houver sinais de gravidade, procure imediatamente um médico ou unidade de saúde”, enfatizou.
Prevenção é a chave
Com a chegada do verão e o aumento das chuvas, as condições para a proliferação do mosquito Aedes aegypti se intensificam. Dr. Pereira reforçou a importância de ações preventivas, como eliminar água parada, utilizar telas em janelas, aplicar repelentes e, quando possível, tomar a vacina contra a dengue.
“Devemos participar do combate aos criadouros nas nossas casas, vizinhanças e ruas. Essa colaboração é fundamental para evitar surtos. Mesmo com sintomas leves, comece a hidratação e, ao menor sinal de gravidade, busque ajuda médica”, orientou.
O cenário de 2023, com mais de 6 milhões de casos e 6 mil mortes, mostra que a dengue é uma ameaça que não pode ser subestimada. O infectologista concluiu: “Estamos diante de uma situação preocupante. A conscientização e a prevenção são essenciais para reduzir os impactos dessa doença”.