Rosana Richtmann, consultora de vacinas do Delboni e Salomão Zoppi, marcas pertencentes à Dasa, líder em medicina diagnóstica no Brasil
Com a chegada das estações mais frias do ano, cresce a preocupação com o aumento das infecções respiratórias, o que torna a vacinação ainda mais indispensável. Graças às campanhas de imunização, o Brasil e o mundo conseguiram controlar e até erradicar/eliminar diversas doenças, como a varíola, o sarampo e a poliomielite. No entanto, nos últimos anos, a disseminação de desinformação tem colocado em risco décadas de avanços na saúde pública.
Como médica, acompanho de perto os impactos desse cenário. Já atendi em consultório famílias que chegam cheias de dúvidas e receios sobre vacinas, reflexo direto de informações incorretas que circulam, principalmente, nas redes sociais. E não se trata de uma percepção isolada. Segundo pesquisa do Instituto Locomotiva, quase 90% da população brasileira admite já ter acreditado em conteúdos falsos.
O impacto da desinformação é real e extremamente preocupante. O Brasil, que sempre foi referência mundial em campanhas de vacinação, voltou a enfrentar surtos de doenças que estavam praticamente eliminadas. Recentemente, tivemos um exemplo claro disso, com o surto de coqueluche, que pode ser prevenida com vacinas. Dados da Secretaria Municipal da (SMS) mostram que, em 2024, foram registrados um aumento de mais de 3400% de casos da doença.
Apesar de todos esses desafios, é importante destacar que há sinais muito positivos. Segundo dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES-SP) mostram crescimento expressivo na aplicação de imunizantes no Estado de Saõ Paulo, em 2024. O estado melhorou a cobertura vacinal de todos os imunizantes e sete se destacaram no calendário básico infantil ao apresentarem crescimento expressivo. A primeira dose da vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, subiu de 78,42% em 2022 para 98,65% em 2024, um aumento de 20,23 pontos percentuais. A cobertura vacinal contra febre amarela também cresceu, passando de 64,40% para 81,16%, avançando 16,75 pontos percentuais.
Esse avanço é fruto de um esforço coletivo. E como médica, não posso deixar de reconhecer a mobilização de pais, profissionais de saúde, e de toda a sociedade, que, cada vez mais, entendem que vacinar é um ato de cuidado e responsabilidade. Esses números são, sem dúvida, motivo de comemoração, mas não nos autorizam a baixar a guarda. A luta contra a desinformação é constante, e manter as coberturas vacinais altas exige vigilância permanente. Vacinar não é apenas proteger a si mesmo, é proteger o coletivo.