Na Febraban Tech, bolsa de valores do Brasil fala sobre tempo de processamento que chega a 350 microssegundos, mais rápido do que um flash
Os investimentos constantes em tecnologia permitiram à B3 reduzir em 70% o tempo entre o envio de uma ordem de compra e venda e sua efetiva execução. Essa métrica, conhecida no mercado como latência, é um elemento fundamental para os investidores, especialmente os que operam em alta frequência (os High Frequency Trader – HFT). Atualmente, a latência do sistema de negociação da bolsa é de aproximadamente 350 microssegundos – mais veloz, por exemplo, do que o flash de uma câmera fotográfica, que dura cerca de 1 milissegundo.
Esse avanço tecnológico, alinhado com as discussões da Febraban Tech sobre inovação e transformação digital no sistema financeiro, reforça o papel da B3 como uma plataforma completa e que acelera a performance do mercado.
Em 2023, a latência da bolsa estava em 1,2 milissegundos. Ao longo do ano passado, esse patamar foi sendo reduzido – até chegar aos atuais 350 microssegundos – graças a diversas melhorias tecnológicas. Os avanços incluíram, por exemplo, a adoção de um protocolo internacional binário, que permitiu acelerar o processamento das ordens. O resultado foi um ganho de velocidade sem qualquer mudança nos controles de risco pré-negociação.
“Nossa meta agora é alcançar uma latência abaixo de 300 microssegundos até 2026”, diz Rodrigo Nardoni, vice-presidente de Tecnologia da B3. Ele comenta que o aprimoramento constante do sistema de negociação faz parte do planejamento estratégico da bolsa, tendo como foco a satisfação do cliente.
Em termos práticos, o executivo explica a latência da seguinte maneira: a partir do momento em que uma corretora envia uma ordem de compra e venda, esse pedido percorre um caminho de validações dentro da B3, que envolve parâmetros gerais, atendimento a aspectos regulatórios, avaliação de risco etc. Somente após essas etapas é que o negócio é confirmado ou não. E esse tempo de resposta é justamente a latência.
Conseguir validar uma transação o mais rápido possível é importante para os investidores de maneira geral, mas sobretudo para os HFTs, conhecidos por usar estratégias que envolvem algoritmos avançados para conseguir executar um grande número de ordens em alta velocidade. Com isso, eles respondem atualmente por cerca de 40% dos negócios realizados no mercado de ações brasileiro, cumprindo um papel relevante de gerar liquidez para vários ativos.
Para atender esse público de maneira mais eficiente, a B3 disponibiliza um serviço chamado “co-location”, que consiste na hospedagem da infraestrutura tecnológica do cliente bem próximo ao data center da bolsa, situado em Santana de Parnaíba (SP). Com isso, o risco de falhas ou atraso na comunicação entre os sistemas cai consideravelmente.
“Além da velocidade, vale destacar que nosso sistema de negociação é um dos mais estáveis do mundo, tendo registrado um grau de disponibilidade de quase 100% no ano passado, marca superior ao que é percebido atualmente por investidores no mercado internacional”, afirma Nardoni.
Tecnologia também traz ganhos de produtividade para a B3
A aposta em qualidade e alta tecnologia trouxe também outros resultados expressivos para a B3 em 2024, frente ao ano anterior. Verificou-se, por exemplo, um aumento de 71% na quantidade de entregas de soluções e uma redução de 28% no tempo de resposta aos alertas e demandas dos clientes.
De forma geral, as entregas de soluções com a aplicação de inteligência artificial em todo processo de engenharia de softwares da bolsa resultaram em um ganho de produtividade da ordem de 8% no ano passado.