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BB Previdência: desafios no mercado internacional devem impactar decisões de investimentos

BB Previdência: desafios no mercado internacional devem impactar decisões de investimentos / Foto: Freepik
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“Cenário Macroeconômico: Perspectivas para investimentos em 2024” tem a finalidade de apoiar a política de alocação de carteiras da instituição, que está em momento de forte expansão

As tendências do mercado internacional, especialmente o comportamento das economias de Estados Unidos, Europa e China, são as mais desafiadoras para a tomada de decisões de investimentos nos próximos anos, avaliaram especialistas em economia e finanças que participaram do evento “Cenário Macroeconômico: Perspectivas para investimentos em 2024”, promovido pela BB Previdência, uma das principais Entidades de previdência complementar do país, na semana passada.

Edson Martinho Chini, diretor Financeiro e de Investimentos da BB Previdência, explicou que o objetivo do encontro é apoiar a construção da Política de Investimentos da entidade no período de 2024 a 2028. “A visão dos demais especialistas do mercado é muito importante para que o time de gestores da BB possa tomar as melhores decisões de alocação das carteiras, principalmente, neste momento de forte expansão da instituição, que conquistou mais de 230 entes federativos”, ressaltou.

Para ter um panorama mais abrangente possível, a BB convidou especialistas com visões complementares dos cenários doméstico e global, disse Chini. Na sexta-feira, 22, último dia do evento, Matheus de Melo Hachul, Especialista de Portfólio no Itaú Asset Management, custodiante dos ativos geridos pela BB, apontou como o cenário macroeconômico dos Estados Unidos têm grande impacto no Brasil e nos países emergentes.

“Na quarta-feira, a super quarta, enquanto os Estados Unidos mantinham a taxa básica de juros na faixa de 5,25% a 5,50%, um dos patamares mais altos da sua história, e o Brasil reduzia a sua mais uma vez, para 12,75%, os mercados futuros já reagiam. No dia seguinte, a Bolsa brasileira caiu mais de 2%. Os juros reais em patamares altos nos Estados Unidos atraem mais capital para os títulos americanos e, nas projeções do Itaú Asset Management, eles vão continuar no mesmo patamar até, pelo menos, o segundo semestre do próximo ano”, afirmou Hachul.

Em sua palestra de abertura do evento, na terça-feira, 19, Marcelo Rebelo Lopes, Gerente Executivo de Assessoramento Econômico do Banco do Brasil, também observou que o mercado deve ficar mais atento ao cenário internacional, principalmente, com as taxas de juros nos Estados e Europa, que ainda estão no campo das incertezas. “As projeções para o Brasil são mais vantajosas, em 2024, com ambiente de maior crescimento, do que para o restante o mundo, que ainda enfrenta uma série de desafios, entre os quais, menor expansão econômica”, disse Lopes.

O menor crescimento previsto para a China, já que o governo do país asiático não tem estimulado tanto os investimentos na expansão da economia, é outro fator a ser observado, na opinião de Hachul, uma vez que impacta as exportações brasileiras, especialmente de commodities, como minério de ferro e grãos. A China responde por cerca de um quarto das exportações brasileiras e o especialista do Itaú Asset prevê menor crescimento para o país, em torno de 5% neste ano.

Renda fixa, mercado atrativo

Cenário de juros altos nos Estados Unidos e também no Brasil torna o mercado de renda fixa ainda mais atrativo, também endossou Daniel Popovich, Gestor de Carteira na Franklin Templeton Investment Solutions no Brasil, sexta maior gestora de ativos do mundo, com mais de US$1,4 trilhão sob gestão. Popovich participou do evento na quinta-feira, 21.

“Não sabemos quando o Fed (banco central dos Estados Unidos) vai começar a cortar a taxa, mas quando ele inicia os cortes, o retorno, em um ano, ainda é muito bom. Por isso, todos querem estar posicionados neste momento em renda fixa”, explicou Popovich, que acredita que a pressão inflacionária, responsável pelos altos juros nos Estados Unidos, deve levar ainda “um par de anos” para se aproximar da meta de 2%. O risco de recessão nos Estados Unidos também foi descartado pelos especialistas, que consideram, entretanto, que a atividade econômica tende a desacelerar.

Com o mercado de renda fixa estimulado por juros mais altos, o de ações, ao menos no Brasil, deve se manter volátil, estimam. Popovich destacou, contudo, que ele continua oferecendo retornos atrativos no longo prazo e que os investimentos devem ser considerados dentro desta perspectiva.

“O retorno médio anual para investimentos, por exemplo, no S&P 500 – índice que reúne as 500 maiores empresas dos Estados – é de 9,8% para quem se mantém sempre investido. Disciplina e persistência são os atributos necessários para garantir bons retornos no mercado de ações”, disse. Chini, da BB Previdência, ressaltou que, além de estratégia de investimento, é preciso ter paciência para assegurar bons retornos em renda variável. “É importante olhar a alocação de portfólio no longo prazo”.

A conjuntura atual sugere que os ativos de risco domésticos tendem a performar melhor no próximo ano, comparativamente ao comportamento observado neste ano e também em relação ao desempenho de ativos nos mercados emergentes, segundo as projeções de Lopes, do Banco do Brasil.

Os especialistas projetam ainda que o Banco Central brasileiro deverá manter a redução da taxa básica de juros, a Selic, no patamar de 0,50 ponto percentual nos próximos trimestres, até o final de 2024, como já sinalizou a instituição, e o maior desafio que observam na economia do país é a política fiscal.

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