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Biomarcadores sanguíneos inauguram nova era no diagnóstico do Alzheimer

Planejamento financeiro: 58% dos idosos não se prepararam para a aposentadoria / Foto: Freepik
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O Alzheimer é a forma mais comum de demência, responsável por 60% a 70% dos casos no mundo. Segundo o Relatório Nacional sobre a Demência cerca de 8,5% da população com 60 anos ou mais convivem com a doença, representando um número aproximado de 1,8 milhão de casos. Até 2050, a projeção é que 5,7 milhões de pessoas sejam diagnosticadas no país. As informações foram anunciadas durante evento realizado na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em Brasília¹. É nesse contexto que o 21 de setembro, Dia Mundial da Doença de Alzheimer, ganha uma dimensão ainda mais relevante: a data coincide com um marco científico que pode transformar a forma como a medicina compreende e enfrenta a doença — a chegada dos biomarcadores sanguíneos.

“Até recentemente, a confirmação clínica do Alzheimer dependia de métodos caros e invasivos, como exames de imagem de alta complexidade ou punções lombares. Agora, um simples exame de sangue pode revelar alterações microscópicas no cérebro décadas antes de surgirem os primeiros sintomas. Essa mudança representa não apenas um avanço tecnológico, mas a possibilidade de democratizar o acesso a diagnósticos mais precoces e assertivos”, afirma o neurologista Diogo Haddad, coordenador do Núcleo de Memória do Alta Diagnósticos.

Para explicar essa revolução, pesquisadores costumam recorrer à metáfora do iceberg. A parte visível, acima da linha da água, corresponde aos sintomas que conseguem ser observados: falhas de memória, desorientação e alterações de comportamento. No entanto, a maior parte do processo ocorre submersa, invisível aos olhos. São transformações silenciosas que começam anos antes, quando proteínas específicas começam a se acumular de forma anormal no cérebro, desencadeando uma cascata neurodegenerativa. Os biomarcadores são, nesse sentido, como instrumentos de sonar capazes de revelar o que está escondido abaixo da superfície – a biologia da doença em sua fase inicial, ainda silenciosa.

Entre os principais biomarcadores analisados no sangue estão a relação Beta 42/Beta 40, cuja redução indica maior risco de formação das placas de beta-amiloide; a proteína Tau181 Fosforilada (p-tau181), que em níveis elevados sugere a presença de processos neurodegenerativos; e a proteína Tau217 Fosforilada (p-tau217), hoje considerada um dos marcadores mais promissores para diferenciar o Alzheimer de outras formas de demência.

Embora não constituam um diagnóstico isolado, quando avaliados em conjunto com dados clínicos e exames cognitivos, esses parâmetros ampliam a precisão e tornam o rastreamento mais eficiente.

“Essa capacidade de detectar alterações antes mesmo da manifestação clínica traz implicações diretas para a prática médica e para a vida dos pacientes. Não se trata apenas de identificar a doença, mas de criar condições para tratamentos mais eficazes. Um exemplo é o medicamento com a molécula donanemabe. Trata-se de um anticorpo monoclonal que atua na remoção das placas de beta-amiloide no cérebro, retardando a progressão da doença. A indicação desse medicamento depende justamente da identificação dos biomarcadores, o que mostra como diagnóstico e terapia caminham juntos em um novo modelo de medicina personalizada”, reforça o neurologista.

O avanço dos biomarcadores sanguíneos marca, portanto, uma virada de página na história do Alzheimer. Se antes a jornada era marcada por incertezas, diagnósticos tardios e limitações terapêuticas, agora a ciência oferece novas ferramentas para antecipar decisões, ampliar a qualidade de vida e abrir perspectivas inéditas para pacientes e familiares. “A ponta do iceberg continua visível, mas finalmente começamos a iluminar aquilo que, até agora, permanecia oculto sob as águas”, finaliza.

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