Em tendência positiva, varejo precisa demonstrar diferenciais para a conquista de clientes e adota inteligência artificial para prever demanda
A Black Friday deve bater recorde em 2024 em termos de volume de vendas, principalmente quando se trata de produtos essenciais ao consumo. A expectativa do mercado é de que as vendas cresçam cerca de 10%, lembrando que o varejo já vem em uma maré positiva. De acordo com os últimos dados do IBGE, divulgados em novembro, as vendas aumentaram 0,5% no mês de setembro quando comparado a agosto, retornando ao nível histórico mais alto da série.
Apesar disso, ainda são registrados resquícios de precaução com os rumos da economia, o que deve levar as pessoas a darem preferência a itens de absoluta relevância para o dia a dia. “Nós precisamos fazer algumas considerações. Por exemplo, temos a reduflação, ou seja, o consumidor está levando uma quantidade menor do produto pelo mesmo preço. Isso acaba aumentando as vendas artificialmente, o que deve ser um ponto de atenção para se preocupar”, afirma Enrico Cozzolino, sócio e head de análises da Levante Investimentos. Segundo ele, o cenário é de melhora gradual.
Estudo feito pela coordenadora da FGV/CEMD (Centro de Estudos em Marketing Digital da Fundação Getúlio Vargas), Lilian Carvalho, utilizando o software Buzzmonitor, destaca que o cenário econômico brasileiro em 2024 apresenta sinais de recuperação e otimismo, mas a busca por estabilidade e funcionalidade ainda guia as decisões de compra durante este importante evento do varejo. “Os consumidores estão priorizando a compra de itens essenciais para o lar, como geladeiras e TVs, além de produtos de uso diário, como ventiladores e tênis. Isso reflete uma cautela ainda presente entre os brasileiros, que, apesar das condições econômicas favoráveis, preferem investir em produtos que ofereçam utilidade prática e imediata”, afirma Lilian Carvalho.
Jhonata Emerick, cofundador e CEO da Datarisk, empresa especializada no uso de inteligência artificial e modelos preditivos para gerar valor, a cada ano a capacidade preditiva ganha status de ferramenta ainda mais decisiva entre o sucesso ou o fracasso das estratégias de vendas adotadas para a Black Friday.
“Identificar as preferências dos compradores de acordo com cada conjuntura econômica e social com a máxima antecedência é um fator fundamental na tomada de decisão para mega promoções como essa. Afinal, apesar de toda a euforia e modismo que cercam a Black Friday, no final do dia a realidade se impõe com seus altos custos de investimento para sair distribuindo peças publicitárias a esmo sem um alvo escolhido por critérios lógicos embasado por dados”, afirma.
Segundo ele, o ideal é utilizar modelos que aumentem a capacidade preditiva por meio de Machine Learning (ML). Essas soluções podem atribuir uma probabilidade de utilização de cupons, por exemplo, para cada cliente, gerando uma segmentação na qual se destacam aqueles que aparecem com maior probabilidade de utilizar os cupons. Isso permitirá à empresa direcionar a eles as campanhas promocionais. “Recentemente tivemos a oportunidade de desenvolver um projeto com ferramentas deste tipo que ampliou a capacidade preditiva de uma empresa de varejo de uma forma tão significativa que conseguiu aumentar em 56% o lucro alcançado em uma promoção com características semelhantes às da Black Friday. Neste caso, para robustecer a capacidade preditiva desta organização foram utilizados desde dados cadastrais simples fornecidos pela companhia até dados históricos de campanhas anteriores, incluindo as informações sobre uso de cupons e dados de consumo”, disse.
Segundo o estudo da FGV/CEMD, o Instagram se destaca como a plataforma com maior volume de menções à Black Friday, concentrando 87% das interações e a maioria das discussões é liderada por mulheres (71%).