Índice de custos reportado em relatório anual da corretora Howden aponta para melhor oportunidade de contratação desde junho de 2022
O mercado brasileiro de seguros cibernéticos vive um ponto de inflexão. Após anos de desenvolvimento lento, os sinais de 2025 apontam para um ambiente mais atrativo para as empresas contratantes, especialmente as pequenas e médias. Esse cenário é impulsionado pela redução média de 10% nas taxas de renovação, pela oferta de condições mais acessíveis – com taxas já abaixo de 1% para esse segmento – e pela flexibilização nos processos de subscrição. É o que aponta a Howden Brasil, filial da corretora global especializada em seguros de alta complexidade.
De acordo com dados da Superintendência de Seguros Privados (Susep), o volume de prêmios em 2025, até julho, chegou a R$ 132 milhões, uma alta de 10% em relação ao mesmo período do ano passado. Embora o volume ainda seja modesto comparado a mercados internacionais, o movimento acompanha a tendência global observada no Relatório de Cibersegurança 2025, produzido pela Howden global.
Segundo o estudo, o mercado mundial atravessa uma fase de ajuste: as taxas caíram 22% em relação ao pico de meados de 2022, enquanto o volume global de prêmios manteve-se em crescimento, com alta média de 6% ao ano entre 2022 e 2024. Apesar do desempenho sólido – com índices combinados médios de 70% (indicador de rentabilidade das seguradoras) e lucros de US$ 9 bilhões em subscrição -, o ritmo de expansão desacelerou após os aumentos de preços registrados entre 2020 e 2022.
A combinação de queda nas taxas e estabilidade nos prêmios caracteriza o atual ponto de inflexão do mercado. Para sustentar o crescimento, o relatório aponta que seguradoras precisarão ampliar sua base de clientes em cerca de 15% ao ano, explorando novos mercados, especialmente na América Latina e entre pequenas e médias empresas.
Nos Estados Unidos, as taxas recuaram 6% desde o início de 2024, ritmo menor do que a redução média de 12% observada em outros mercados internacionais. Esse movimento reflete a estabilização do mercado americano, que enfrenta pressões específicas de privacidade e litígios relacionados a dados biométricos, mantendo alta rentabilidade. Na Europa, a maturidade do mercado é mais evidente: a competição reduziu as taxas em cerca de 12% desde o início de 2024, enquanto os processos de contratação se tornam mais ágeis. Mesmo assim, a penetração do seguro cibernético ainda é baixa, com apenas 22% das empresas italianas e 39% das britânicas cobertas.
Reflexos no Brasil
Segundo Marta Schuh, diretora de Seguros Cibernéticos e Tecnológicos na Howden Brasil, a queda nos preços ainda não é tão acentuada no país quanto nos mercados norte-americano e europeu, mas o movimento já é perceptível. “Hoje já vemos taxas abaixo de 1% para pequenas e médias empresas. Antes, era praticamente inviável para elas, pois o processo exigia um questionário extenso e os valores eram inacessíveis”.
O relatório global também destaca a importância de práticas básicas de segurança cibernética. Empresas que atualizam regularmente softwares, utilizam senhas fortes e filtram e-mails conseguem reduzir em mais de um terço a frequência de ataques, especialmente aquelas com receita inferior a €1 milhão. Além disso, o custo médio dos ataques é até 87% menor para companhias com boas práticas, impactando diretamente na severidade dos incidentes.
“O Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer, mas a combinação de queda nas taxas, maior conscientização sobre riscos e produtos mais acessíveis cria um cenário promissor para o crescimento do seguro cibernético no país”, conclui Marta.
