A desvalorização do real e a instabilidade econômica impulsiona brasileiros a investir em imóveis no exterior, com destaque para a Flórida, nos Estados Unidos.
De acordo com dados da Receita Federal, o número de declarações do Imposto de Renda Pessoa Física com bens no exterior cresceu de 263,5 mil em 2018 para 816,1 mil em 2023, representando um aumento de cerca de 200%. Esse crescimento reflete um movimento impulsionado por fatores políticos e econômicos que levam os brasileiros a buscar ativos em moeda forte, como o dólar, como forma de proteção contra a desvalorização do real.
Um levantamento feito pela Associação Nacional de Corretores de Imóveis dos EUA indica que 55% dos brasileiros que compram imóveis nos Estados Unidos optam pelo estado da Flórida. A região é tradicionalmente conhecida como a porta de entrada para a América Latina no país, com fácil acesso por meio de voos diretos, clima semelhante ao do Brasil e uma grande comunidade brasileira, fatores que tornam a escolha mais natural para investidores e famílias.
O Head da WIT Real Estate, Carlos Corsini, explica as características do público de investidores que mais buscam imóveis fora do Brasil. Segundo ele, com a ampliação dos meios de pagamento e serviços de apoio, o perfil do investidor tem se diversificado. Famílias que procuram preservar seu padrão de vida encontram na compra de propriedades no exterior uma forma de investimento mais acessível, sem a complexidade de aplicações financeiras sofisticadas.
Apesar disso, também faz um alerta sobre os desafios financeiros e tributários. É essencial entender os custos operacionais e planejar a aquisição de maneira eficiente para evitar complicações fiscais tanto no Brasil quanto no exterior. “Dependendo do objetivo, valor e estrutura familiar, é interessante realizar estes investimentos através de estruturas jurídicas mais elaboradas, através de empresas patrimoniais que estejam localizadas em países com benefícios fiscais (Offshores)”, completa.
Uma das principais vantagens para brasileiros que financiam a compra de imóveis no exterior são as baixas taxas de juros oferecidas por países de primeiro mundo. No entanto, a decisão pelo financiamento deve ser avaliada conforme o objetivo do investidor e a rentabilidade esperada.
Carlos opina que o interesse por imóveis no exterior tende a crescer nos próximos anos, impulsionado pela saída de capital do Brasil. Embora inicialmente direcionados para o sistema financeiro internacional, muitos investidores percebem que a rentabilidade nesses mercados é inferior às taxas de retorno que estão acostumados no Brasil e, assim, optam por investir em ativos que estão mais acostumados, como imóveis.
E sobre a política do novo governo dos EUA e as possíveis mudanças no cenário global, o Head diz que: “É difícil prever o andamento do cenário de política econômica num cenário global. No caso dos EUA, a perspectiva é que o país será fortalecido com as medidas que estão sendo tomadas, ainda que possam gerar uma inflação um pouco maior e até uma eventual recessão. Mas, ainda assim, não se vê no horizonte nada que demonstre que a economia dos EUA vá reduzir de atividade drásticamente”, finaliza.
Para os investidores em imóveis, a regra básica continua a ser a localização, que desempenha papel fundamental na segurança e rentabilidade do investimento. Com um cenário econômico dinâmico e incerto, a tendência é que cada vez mais brasileiros busquem ativos imobiliários no exterior como forma de preservar e diversificar seu patrimônio.