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Brasilprev projeta manutenção da Selic e cautela no comunicado do Copom

Robson Pereira, economista-chefe da Brasilprev / Foto: Divulgação
Robson Pereira, economista-chefe da Brasilprev / Foto: Divulgação

Em meio a sinais econômicos divergentes, a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se torna um evento crucial para decifrar os próximos passos da política de juros no Brasil. A projeção unânime do mercado é pela manutenção da taxa Selic em 15%, mas o verdadeiro foco, segundo o economista-chefe da Brasilprev, Robson Pereira, será o comunicado que acompanha a decisão. Em uma análise aprofundada, Pereira destaca que a comunicação do Banco Central será um termômetro para a política monetária futura, e cada palavra no texto será meticulosamente analisada pelos agentes econômicos.

Pontos relevantes

O economista-chefe da Brasilprev detalha seis pontos que, em sua visão, moldarão a narrativa do comunicado do Copom:

  1. A influência do cenário global: O Banco Central deve reconhecer o início de um ciclo de quedas nas taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed) nos Estados Unidos. No entanto, Pereira ressalta que essa menção virá acompanhada de um alerta sobre a incerteza persistente no cenário global, especialmente quanto à magnitude das futuras quedas de juros na maior economia do mundo. “O Copom vai reconhecer a mudança, mas sem abrir mão da cautela”, afirma o especialista.
  2. Ambiguidade da economia doméstica: A atividade econômica no Brasil tem apresentado um quadro misto. Embora a desaceleração continue, o mercado de trabalho tem surpreendido positivamente. Para Pereira, o Banco Central deve manter a sua visão de que a moderação econômica está “em curso e dentro do esperado”, sem sinalizar surpresas.
  3. Alerta da inflação de serviços: Um ponto de atenção é a inflação de serviços, que tem se mostrado mais resiliente. O economista-chefe acredita que o Copom fará uma menção específica a esse item, principalmente aos serviços intensivos em mão de obra, como um “sinal de alerta” sobre a persistência da inflação em um setor-chave da economia.
  4. Imutabilidade do balanço de riscos: O balanço de riscos do comunicado, uma seção que sinaliza os riscos para o cumprimento da meta de inflação, não deve ser alterado. Qualquer mudança importante nessa parte seria vista pelo mercado como uma indicação de mudança na direção da política monetária. Pereira avalia que, neste momento, o Banco Central não tem interesse em sinalizar um corte de juros no curto prazo.
  5. Expectativas de inflação acima da meta: As projeções de inflação de médio e longo prazo, capturadas pelo relatório Focus do Banco Central, têm se mantido acima da meta. O Copom deve continuar a expressar sua insatisfação com esse cenário, reforçando que as expectativas estão em um patamar “incompatível” com o atingimento da meta de inflação de médio prazo.
  6. Percepção de juros elevados por tempo prolongado: Há uma discussão sobre a manutenção ou remoção de um trecho do comunicado que fala na “continuação na interrupção do ciclo de alta”. Pereira acredita que essa frase será mantida. Contudo, mesmo que seja removida, a intenção do Banco Central será evitar a percepção de que um corte de juros é iminente. A mensagem central, segundo o economista, será de que a Selic deve permanecer em um patamar elevado por um tempo “bastante prolongado”, reforçando o compromisso com o combate à inflação.

Nesse sentido, a próxima decisão do Copom não será uma surpresa em termos de juros, mas o comunicado que a acompanhará será um documento de extrema importância, repleto de nuances e sinais que guiarão as expectativas do mercado. O Banco Central, na visão de Pereira, usará o texto para reafirmar sua prudência e seu foco intransigente no controle da inflação, sem precipitar movimentos que poderiam minar a credibilidade da sua política monetária.

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