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Burnout digital: Os mitos do mercado corporativo que permeiam a doença

Burnout digital: Os mitos do mercado corporativo que permeiam a doença / Foto: Nubelson Fernandes / Unsplash Images
Foto: Nubelson Fernandes / Unsplash Images

O burnout acomete cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros, mas devido à falta de conhecimento ainda são vistas muitas mentiras contadas diariamente sobre a doença

Seja para entreter ou trabalhar, o digital está cada dia mais frequente nas vidas de todos os brasileiros. Para se ter ideia, um estudo realizado pela NordVPN projetou que internautas passam 54% do tempo de vida média da população na internet. O levantamento também mostra que as pessoas começam a se conectar às 8h33 da manhã e só se desconectam às 22h13. Somado o tempo de todos os sete dias, em uma semana comum, o brasileiro teria passado 91 horas online. É muito tempo e pode causar sérias consequências à saúde mental.

Para a psicóloga e VP do BNI Brasil, Mara Leme Martins, é importante entender que estar exposto a tempos elevados de telas pode retardar o desenvolvimento de uma criança. “Imagine a proporção desse efeito em uma vida adulta, sem ou com pouco limite de exposição. Esse tipo de atitude é responsável pelo excesso de informação que aos poucos se transforma em estresse e pode agravar-se em burnout digital”, explica.

No mercado corporativo, ainda há a crença de que o burnout é uma situação exclusiva a trabalhadores da nova geração, e que pessoas mais velhas não podem ou não passaram por essa situação. Para Hugo Godinho, CEO da Dialog, startup que lidera o setor de Comunicação Interna no Brasil com uma plataforma multicanal, no momento atual em que vivemos, todos estão sujeitos a essa sobrecarga. “Sobrecarga digital é o que acontece quando uma pessoa recebe com regularidade um grande volume de informações, que podem chegar de diferentes canais ou não. Essa quantidade de conteúdo costuma ser muito superior à possibilidade de assimilação – ou seja, nem tudo aquilo que é recebido por alguém consegue ser, de fato, absorvido e compreendido. O uso das redes sociais, o consumo de notícias on-line e o recebimento de centenas de notificações fazem com que as pessoas percam completamente o controle da quantidade de informações visualizadas por dia”, explica Hugo.

Com intuito de desmistificar a doença, a psicóloga listou alguns mitos expostos diariamente no mercado corporativo sobre o burnout digital. Confira:

  1. Trabalhar menos é a única solução – “Apesar de trabalhar menos ser um dos itens mais recomendados, não é o tratamento exclusivo para a doença. Trabalhar com qualidade e em um clima agradável também significa muito para um processo de melhoria contínua do paciente em tratamento”, entende Mara Leme.
  2. Burnout trata-se apenas de um surto – “Isso sim é um grande mito. O burnout segue uma linha de evolução, ou seja, a síndrome irá caminhar do cansaço para o estresse, e a partir do estresse passa para a exaustão, até por fim chegar a sua pior fase que é o burnout. A situação não surge simplesmente, é, de fato, uma construção que tem como função minar sua energia de trabalho dia após dia”, completa.
  3. O tratamento sempre precisa de medicação – “Como em diversos casos, nem todos os casos exigem que a pessoa receba um tratamento com medicação. Tudo depende do grau de burnout que a pessoa está sofrendo. Em muitas situações será sim, necessário, porém, não é uma regra. Cada paciente responde de uma maneira e claro, deve ser tratado individualmente”, comenta.
  4. Basta desligar o celular que passa – “Apesar das redes de comunicação serem responsáveis pelo agravamento da doença, apenas sair de “perto” não irá solucionar de imediato o problema. Inclusive, por vezes, pode levar a uma piora significativa em decorrência de ansiedade, se for feito de maneira brusca. A desconexão precisa ser gradual e respeitar os limites de cada indivíduo”, diz.

“Portanto, vale lembrar que a tecnologia está incorporada no nosso dia a dia, não basta vê-la como vilã de uma doença como o burnout digital, mas sim como o uso incorreto dela leva a esse tipo de resultado. Para um mercado de trabalho mais saudável nesse sentido devemos trabalhar na extinção de mitos que permeiam a doença”, finaliza Mara Leme Martins.

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