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Câmara aprova projeto de proteção a criança exposta a violência doméstica no exterior

Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Sessão Deliberativa Extraordinária (semipresencial). Dep. Renildo Calheiros(PCdoB - PE)
Renildo Calheiros leu parecer favorável ao projeto

A Câmara dos Deputados aprovou nesta quinta-feira (22) o Projeto de Lei 565/22, que qualifica a exposição de crianças e adolescentes a situações de violência doméstica em país estrangeiro, sem que providências efetivas tenham sido tomadas no local, como fator capaz de submetê-los a grave risco de ordem física ou psíquica. O texto será enviado ao Senado.

A proposta, da deputada Celina Leão (PP-DF), tenta evitar que a convenção seja interpretada de forma desfavorável às mulheres brasileiras que sofrem violência (tanto elas quanto seus filhos) em países estrangeiros, pois, ao procurar refúgio e amparo no Brasil, são acusadas de sequestro internacional de crianças.

“O projeto estabelece que, se houver um conjunto probatório mínimo apontando a existência de situações de violência no país de residência habitual, o magistrado brasileiro poderá qualificar a situação como intolerável e aplicar o artigo 13 da Convenção de Haia [Convenção sobre os Aspectos Civis do Sequestro Internacional de Crianças]”, explica.

Indícios
Pela proposta, poderão ser considerados indícios de exposição de crianças e adolescentes à violência:

  • denúncia no país estrangeiro de prática de violência doméstica, apresentada em órgãos administrativos ou judiciais;
  • medidas protetivas solicitadas ou determinadas no país estrangeiro;
  • laudos médicos ou psicológicos produzidos no país estrangeiro;
  • relatórios produzidos por serviços sociais do país estrangeiro;
  • depoimentos de testemunhas ou das crianças e adolescentes cuja guarda está em disputa, desde que respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações do seu testemunho;
  • alegações constantes em processos de divórcio ou de separação reconhecidos no país estrangeiro;
  • tentativas de denúncias da prática de violência doméstica que evidenciem a dificuldade de acesso ao sistema de proteção do país estrangeiro; e
  • contatos com o consulado brasileiro na qual se solicite apoio em situação de violência doméstica.

Procedimentos
Na apresentação de uma ou mais ocorrências, as autoridades judiciais e administrativas brasileiras deverão prestar orientação e assistência aos pais ou responsáveis legais brasileiros, registrando que existe risco grave de que as crianças e adolescentes fiquem sujeitos a perigos de ordem física ou psíquica, caso haja o retorno ao país estrangeiro.

De posse da documentação apresentada, as autoridades judiciais deverão, no prazo de 24 horas, providenciar a tutela antecipada da guarda aos pais ou responsáveis legais brasileiros, a qual deverá se estender, no mínimo, pelo prazo necessário à tradução da documentação e à sua apreciação pelo Poder Judiciário.

As autoridades brasileiras poderão solicitar laudos médicos e/ou psicológicos elaborados em território nacional para compor o conjunto probatório da existência de violência doméstica.

A relatora do projeto, deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), recomendou a aprovação do texto. O parecer foi lido em Plenário pelo deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE).

Saiba mais sobre a tramitação de projetos de lei

Artigo Original: Agência Câmara Notícias

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