Confira artigo de Vitório Moscon Puntel, cirurgião torácico e presidente da Unimed Volta Redonda
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, até 2050, o número de casos de câncer aumentará em 77% em relação a 2022. No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) projeta mais de 700 mil novos diagnósticos em 2024, 21% a mais do que em 2015. Esses dados acendem um alerta para a urgente necessidade de ampliação e descentralização da assistência oncológica no país.
O enfrentamento ao câncer exige mais do que conscientização sobre hábitos saudáveis. É fundamental garantir que os pacientes tenham acesso a diagnóstico precoce, tratamento ágil e acompanhamento integral — com qualidade, segurança e acolhimento em todas as etapas. Esse desafio se intensifica quando pensamos nos brasileiros que vivem fora dos grandes centros urbanos.
Ainda persiste a ideia de que a medicina de alta complexidade está restrita às capitais. Mas a realidade vem mudando. Cada vez mais, cidades do interior estão se estruturando para oferecer cuidados oncológicos completos, com tecnologia de ponta e equipes multidisciplinares especializadas. Essa interiorização representa um avanço essencial: aproxima o cuidado de quem precisa, reduz deslocamentos longos e fortalece a rede de apoio familiar e emocional dos pacientes.
Um exemplo concreto dessa transformação vem do Sul Fluminense. Em Volta Redonda, estruturamos uma linha de cuidado oncológico que reúne diagnóstico, tratamento e acompanhamento em um único local. O Hospital Unimed Volta Redonda passou a contar com recursos como PET-CT digital, cirurgia robótica e radioterapia de alta precisão — tecnologias presentes em poucos hospitais do país. Também somos habilitados para transplantes de medula óssea, rim, fígado e musculoesqueléticos.
Os resultados refletem a força desse modelo. Apenas em 2024, realizamos quase 2.900 atendimentos oncológicos a pacientes vindos de outros municípios do estado do Rio de Janeiro — um aumento de 15% em relação ao ano anterior. No mesmo período, registramos crescimento nas consultas, nas cirurgias e na demanda por exames especializados como o PET-CT.
O que essa experiência mostra é que levar medicina de excelência para o interior é não apenas possível — é necessário. Regiões fora do eixo das capitais também podem (e devem) se tornar referências em saúde de alta complexidade. A interiorização da oncologia é uma estratégia que amplia o acesso, fortalece a autonomia regional e leva dignidade ao tratamento. Que esse caminho siga se multiplicando.