Mecanismo financeiro inovador que combina disciplina financeira e sorteios
A capitalização, um mecanismo financeiro inovador que combina disciplina financeira e sorteios, está celebrando 95 anos de presença no Brasil em 2024. Com origem na França em 1850 e introduzida no Brasil pelo empresário Antônio Larragoiti Júnior em 1929, o setor atravessou décadas de evolução e hoje desempenha um papel estratégico na economia do país, capitaneado pela Federação Nacional de Capitalização (FenaCap).
Atualmente, o setor gerencia mais de R$ 40 bilhões em reservas técnicas, evidenciando o impacto significativo da capitalização no cenário econômico e na vida de consumidores e empresas. Segundo Denis Morais, presidente da FenaCap, “a disciplina financeira é o grande mote da Capitalização”, destacando como o setor contribui para a sustentabilidade financeira das famílias e para o desenvolvimento da economia nacional.
Trajetória da capitalização no Brasil
Desde sua fundação, o mercado de capitalização se mostrou um instrumento de inovação. Após o lançamento da Sulacap em 1929, as primeiras regulamentações surgiram dois anos depois. Já na década de 1940, as sociedades de capitalização passaram a investir na urbanização e no mercado imobiliário, transformando bairros e contribuindo para a expansão das cidades brasileiras.
Com o crescimento do setor, novos players entraram no mercado. Na década de 1980, grandes bancos começaram a oferecer títulos de capitalização, popularizando ainda mais os produtos. Na década seguinte, modalidades inovadoras como a Tele Sena trouxeram novas estratégias de marketing, consolidando o segmento junto ao grande público.
Em 2007, a FenaCap foi criada, oficializando uma representação específica para o setor. O ano seguinte marcou a regulamentação das quatro principais modalidades: tradicional, compra programada, popular e incentivo, ampliando as opções para os consumidores. Em 2023, a aprovação de marcos legais permitiu a utilização dos títulos como garantia em licitações públicas e contratos, reforçando a presença da capitalização em áreas estratégicas do mercado.
Números que comprovam a relevância
O mercado de capitalização tem demonstrado resiliência e crescimento constante:
- R$ 17,89 bilhões em arrecadação (+6%);
- R$ 14,16 bilhões em resgates (+13,5%);
- R$ 1,06 bilhão pagos em sorteios (+21%).
A modalidade tradicional lidera a arrecadação com R$ 12,98 bilhões, seguida por instrumento de garantia (R$ 1,87 bi) e filantropia premiável (R$ 2,36 bi).
Impacto social e regional
A relevância da capitalização também se destacou em momentos de crise, como nas regiões afetadas por desastres naturais no Sul do Brasil. “O segmento pagou mais de R$ 1 bilhão em sorteios na região, mostrando como o setor consegue tangibilizar a ajuda financeira em momentos difíceis”, afirmou Denis Morais.
Além disso, o setor tem abraçado causas sociais importantes, como a adesão ao Pacto de Equidade Racial e a difusão da agenda ESG. “Queremos que as empresas possam beber dessa fonte e criar suas próprias estratégias, contribuindo para uma sociedade mais justa”, complementa Morais.
Inovações e futuro promissor
O setor de capitalização continua se reinventando. A FenaCap já prevê novos produtos e aprimoramentos, como a expansão da modalidade de Filantropia Premiável para beneficiar mais entidades, além da introdução de títulos em processos de garantia e crédito.
Com 43 iniciativas de inovação concorrendo no Prêmio de Inovação da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) 2024, o mercado está cada vez mais alinhado às necessidades do consumidor moderno e ao uso de tecnologia para criar produtos atraentes.
As projeções da FenaCap indicam um crescimento expressivo:
- Receitas: de R$ 31 bilhões em 2024 para R$ 49 bilhões em 2025 e R$ 91 bilhões até 2028.
- Reservas técnicas: de R$ 40 bilhões em 2024 para R$ 53,2 bilhões em 2025 e R$ 111,4 bilhões até 2028.
“O setor está em plena transformação, e essa trajetória de inovação e crescimento continuará nos próximos anos”, projeta Morais.
Papel da capitalização na economia nacional
Com avanços regulatórios recentes, como as leis nº 14.652/23 e 14.770/23, a utilização dos títulos de capitalização como garantia em crédito e licitações públicas foi ampliada, adicionando novas camadas de segurança ao mercado. A expectativa é que essas novas regulamentações movimentem R$ 21,7 bilhões por ano em garantias e R$ 2,1 bilhões em licitações, tornando o setor ainda mais atrativo.
Denis Morais reforça que a capitalização é vista cada vez mais como um instrumento de planejamento financeiro. “As empresas e consumidores que conhecem as modalidades sabem exatamente o valor que está sendo ofertado, e isso é essencial para a sustentabilidade do setor”, explica.
História de inovação e contribuição econômica
A celebração dos 95 anos da capitalização simboliza não apenas uma história de inovação e contribuição econômica, mas também um compromisso contínuo com o desenvolvimento sustentável e social do Brasil. Com novos produtos, legislações e a crescente relevância nas agendas ESG, o setor de capitalização está preparado para continuar impulsionando a economia nos próximos anos, ajudando empresas e pessoas a realizarem seus sonhos.
Com perspectivas das reservas técnicas ultrapassando R$ 111 bilhões até 2028, a capitalização mostra que é muito mais do que sorteios: é uma ferramenta financeira essencial para o planejamento e crescimento da economia brasileira.