Estado enfrenta alta expressiva de infecções e especialista reforça a importância das medidas de prevenção
A Dengue segue avançando de forma preocupante em São Paulo. Segundo dados divulgados pelo governo estadual em 19 de fevereiro, o estado registrou mais de 124 mil casos confirmados da doença, com uma incidência de 270 casos por 100 mil habitantes. Além disso, outros 82,9 mil ainda estão sob investigação.
Municípios como São João da Boa Vista, Araraquara, Ribeirão Preto, Marília, Presidente Prudente e Barretos figuram entre os mais afetados. Em Araçatuba e São José do Rio Preto, a situação é ainda mais crítica, com incidência superior a 2 mil casos por 100 mil habitantes. As projeções apontam que abril poderá ser o mês mais crítico da epidemia.
A infectologista do São Cristóvão Saúde, Dra. Michelle Zicker, destaca que a melhor forma de conter o avanço da doença é por meio da eliminação dos criadouros do Aedes aegypti. “As ações preventivas devem ocorrer o ano todo, especialmente fora da sazonalidade, para evitar surtos. Uma vez que a epidemia se instala, o controle do vetor tem eficácia limitada, pois o tempo para redução da população do mosquito é maior do que a velocidade da propagação do vírus”, explica a especialista.
A infectologista destaca algumas medidas essenciais de prevenção:
- Uso de telas em janelas e repelente;
- Remoção de recipientes que possam acumular água;
- Armazenamento adequado de pneus e outros materiais;
- Vedação de reservatórios de água;
- Limpeza frequente de calhas e ralos;
- Destinação correta de lixo e entulho.
Sintomas e tratamento
Os sintomas da Dengue podem ser confundidos com os de uma gripe e incluem febre, dores musculares, dor de cabeça, cansaço intenso, incômodo atrás dos olhos e manchas vermelhas na pele. O diagnóstico deve ser confirmado por exame laboratorial, evitando automedicação, especialmente com substâncias como ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios, que aumentam o risco de hemorragias. Nos casos graves, entre o 3º e 7º dia de infecção, surgem outros sintomas como dor abdominal intensa, vômito persistente, sangramento nas mucosas e confusão mental. “A busca por atendimento médico imediato é fundamental para evitar complicações e garantir uma recuperação mais rápida”, alerta Dra. Michelle.
Quem já pegou dengue pode ser infectado novamente?
Sim, quem já teve dengue pode ser infectado novamente. Isso acontece porque a dengue é causada por quatro sorotipos diferentes do vírus (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). Quando uma pessoa contrai a doença, ela desenvolve imunidade apenas contra o sorotipo específico que a infectou, mas continua vulnerável aos outros três.
Dra. Michelle explica que, se houver uma nova infecção por um sorotipo diferente, o risco de desenvolver formas graves da doença pode ser maior devido a um fenômeno chamado amplificação dependente de anticorpos. “Nesse processo, os anticorpos oriundos da primeira infecção podem facilitar a entrada do novo sorotipo nas células imunes, o que amplia a replicação viral, potencializa a resposta inflamatória e, consequentemente a gravidade da doença. Isso reforça a importância da vacinação e das medidas de prevenção contra o mosquito Aedes aegypti”.
Vacinação
O estado de São Paulo oferece vacinação contra a dengue para a população de 10 a 14 anos, com duas doses aplicadas em um intervalo de 90 dias. Em 14 de fevereiro, o Ministério da Saúde publicou uma nota técnica autorizando estados e Distrito Federal a ampliarem o público-alvo da vacina contra a dengue de acordo com a data de validade das doses em seus estoques. As doses com prazo de validade de dois meses poderão ser disponibilizadas para pessoas de 6 a 16 anos e as vacinas com validade de até um mês estarão disponíveis para pessoas entre 4 e 59 anos.
A vacina está disponível nas UBSs de segunda a sexta e, aos sábados, nas AMAs/UBSs Integradas.
A vacina contra a dengue é importante porque ajuda a prevenir casos graves da doença, reduzindo complicações, hospitalizações e mortes. Com a vacinação, o organismo desenvolve imunidade contra o vírus, contribuindo para a proteção individual e coletiva, especialmente em regiões com alta circulação do vírus. Além disso, a imunização ajuda a aliviar a sobrecarga nos sistemas de saúde durante surtos da doença.