Mesmo com o Brasil mantendo o status de país livre da circulação endêmica, registros recentes e baixa cobertura vacinal colocam em risco a proteção coletiva
O aumento expressivo dos casos de sarampo na região das Américas acende um alerta para a saúde pública brasileira. Segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), até meados de junho foram confirmados 7.132 casos e 13 mortes, número 29 vezes maior que o registrado no mesmo período de 2024. No Brasil, já foram contabilizados cinco casos esporádicos até a 19ª semana epidemiológica deste ano, distribuídos entre o Distrito Federal, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, incluindo crianças sem histórico vacinal e adultos com viagens internacionais recentes.
Para o professor João Gregório Neto, Mestre em Saúde e Docente do Curso de Enfermagem da Faculdade Santa Marcelina, a vacinação é a principal barreira contra a doença. “Ela atua de forma proativa, protegendo o indivíduo antes que a doença ocorra e reduzindo significativamente a incidência, a morbimortalidade e os custos assistenciais. Ao estimular o sistema imunológico a reconhecer e combater o vírus sem que a pessoa precise adoecer, prevenimos complicações, sequelas e até mortes”, explica.
João Gregório reforça ainda o papel da imunidade de rebanho, que ocorre quando uma alta proporção da população está imune, dificultando a circulação do vírus e protegendo inclusive quem não pode ser vacinado, como bebês e imunossuprimidos. “Para o sarampo, precisamos atingir pelo menos 95% de cobertura vacinal. Quando esse índice cai, formam-se bolsões de suscetíveis, ideais para a ocorrência de surtos”, explica.
A doença, altamente contagiosa, é transmitida por secreções respiratórias e pode se espalhar rapidamente em ambientes fechados. Com o retorno das férias escolares e o aumento das viagens, o risco de introdução e transmissão do vírus cresce, especialmente diante de focos ativos em países como Bolívia, Argentina, México, Estados Unidos e Canadá.
O Ministério da Saúde tem intensificado ações para ampliar a cobertura, como a distribuição de doses para bloqueio vacinal e a realização de campanhas em locais de grande circulação. A vacina contra o sarampo é recomendada para todas as pessoas de 6 meses a 59 anos, conforme o calendário nacional, e está disponível gratuitamente nas unidades básicas de saúde. “Manter a caderneta de vacinação atualizada é a forma mais eficaz de garantir que o sarampo continue eliminado no Brasil”, conclui João Gregório Neto.
