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Cenário atual econômico recorrente desafia setores de atividade-meio

Foto/ Marga Santoso: Unsplash
Foto/ Marga Santoso: Unsplash

Segundo economista, o transporte rodoviário de cargas enfrenta desafios nos âmbitos político e regulatório que recentemente vêm movimentando o mercado

Após a atividade econômica do Brasil crescer 1,8% no primeiro trimestre de 2023, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou o crescimento de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre do ano, oitavo crescimento consecutivo do indicador. Os números mostram uma forte expansão no setor da agropecuária, mas também forte desempenho em outros setores, como o de serviços (0,6%), que sozinho representa cerca de 70% do PIB, mesmo após turbulência, além do ramo da indústria (0,9%).

De acordo com Raquel Serini, economista e coordenadora de projetos do Instituto Paulista do Transporte de Carga (IPTC), apesar de o PIB também acompanhar essa tendência de alta para o próximo ano, elevando as expectativas dos analistas, outros indicadores do mercado apresentam instabilidade, como investimentos estrangeiros, câmbio e balança comercial.

O primeiro semestre de 2023 foi desafiador para as principais economias mundiais. Contudo, de maneira geral, o cenário atual sinaliza uma alteração nas perspectivas econômicas brasileiras no sentido de maior crescimento e com menores taxas de inflação. No entanto, isso não deve perdurar até o final deste ano, já que a estimativa do mercado é de elevação da inflação para 2024.  “Com isso, quanto maior a inflação, menor é o poder de compra das famílias, principalmente das que recebem salários menores, pois os preços dos produtos aumentam sem que o salário acompanhe esse crescimento”, analisa a economista.

Houve nos últimos tempos uma alta de oscilações na precificação, principalmente de combustíveis, e analistas atentam-se aos desafios impostos a setores de atividade-meio. Um dos ramos que tem sentido maior impacto é o de transporte rodoviário de cargas (TRC), uma vez que as oscilações nos preços dos diesel têm disparado nos últimos dias.

“Mesmo o setor se mostrando muito resiliente frente às adversidades, acredito que as questões de conjuntura econômica são importantes, mas não tão relevantes quanto às que o setor vem enfrentando nos âmbitos político e regulatório que movimentaram o mercado recentemente. É um somatório ruim de acontecimentos para o segmento, mas de qualquer forma eles devem se ajustar com o tempo adequando a gestão, o planejamento e os custos para superar mais essa fase desafiadora”, enfatiza Serini.

Nos últimos 20 meses, o diesel se comportou de maneira muito instável e cíclica devido à nova política de preços e à saúde financeira da Petrobras. O combustível é um insumo essencial para exercer a atividade no TRC, e o transportador precisaria de uma maior previsibilidade nos preços do diesel para ser possível estabelecer um horizonte estratégico de investimentos em empresas. Em dezembro de 2020, os preços começaram a subir exponencialmente, atingindo seu ápice em julho de 2022, quando foi comercializado nos postos a R$ 7,51/litro, acumulando uma alta de 102,1%.

Desde agosto de 2022, notamos um comportamento de queda, mas que nem de longe supera os aumentos ao longo desse período. Em janeiro de 2023, por exemplo, o preço médio do diesel S10 foi de R$ 6,38/litro, uma diferença de R$ 1,13/litro a menos comparado ao seu período de pico, e desde então veio caindo até maio de 2023. No entanto, agora o comportamento da curva vem se modificando, apresentando uma tendência de alta novamente a partir de agosto de 2023, acumulando uma alta de 10,4%.

“Com a volta antecipada da tributação federal (Programa de Integração Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS)) nos preços do diesel para a redução nos preços de veículos zero-quilômetro via programa do governo federal, o preço do combustível deve aumentar em R$ 0,1024/litro. Isso significa que podemos esperar uma nova onda de aumentos até o final do ano, o que traz reflexos muitas vezes imediatos no caixa das empresas transportadoras”, finaliza a economista.

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