Confira artigo de Michelle Oliveira, COO da Digital Manager Guru
Quando pensamos em retenção de clientes, é comum imaginar ações de pós-venda, campanhas de reengajamento ou programas de fidelidade. Mas existe um ponto anterior, e muitas vezes negligenciado, que pode determinar se o cliente volta ou nunca mais retorna: o checkout.
Muitos ainda enxergam essa etapa como algo meramente técnico, um formulário a ser preenchido, um botão a ser clicado. Mas, do ponto de vista de experiência, é o momento onde tudo pode dar certo ou errado. Ele é o espelho de como a empresa lida com o tempo, a confiança e a expectativa do cliente.
O checkout deixou de ser um fim: hoje, é um filtro de lealdade
Com anos de vivência em desenvolvimento de sistemas e gestão de operações digitais, aprendi que recursos operacionais não são pequenos quando estão em momentos críticos. E o checkout está em um desses momentos.
O consumidor atual é imediatista, criterioso e cada vez menos tolerante a fricções. Se a página demora, se o formulário é confuso, se há etapas desnecessárias, ele abandona. Mas, além de abrir mão da compra, ele pode desistir da marca também.
Segundo um levantamento da PwC, 32% dos consumidores afirmam que abandonariam uma marca após uma única experiência ruim. É um alerta claro: falhar no checkout não é só perder uma venda, é perder uma relação em potencial.
Esse dado dialoga diretamente com outro número importante. Um estudo da Salesforce mostra que 80% dos consumidores consideram a experiência oferecida por uma empresa tão importante quanto o produto ou serviço em si. Isso reforça o quanto a qualidade do processo, especialmente na etapa de checkout, influencia diretamente na percepção de valor e na decisão de continuar comprando.
Checkout eficiente não é apenas o que finaliza a compra: é o que constrói a vontade de voltar
A boa notícia é que, da mesma forma que o checkout pode ser um ponto de ruptura, ele também pode ser um ponto de encantamento. Quando bem estruturado, ele transmite clareza, segurança e agilidade. E tudo isso impacta diretamente na percepção de valor da marca.
Nos bastidores, essa mudança de perspectiva exige mais do que um layout bonito. Envolve entender o perfil do cliente, adaptar o fluxo com base em dados, automatizar o que for possível e eliminar ruídos. É isso que chamamos de checkout inteligente, aquele que aprende, responde e evolui continuamente.
Tenho acompanhado de perto o avanço dessa mentalidade. Hoje, empresas que se destacam no digital são as que tratam o checkout como peça estratégica: personalizam a jornada, testam versões com variações mínimas, integram informações de comportamento, oferecem meios de pagamento intuitivos. Tudo com um objetivo claro: transformar um momento de compra em uma experiência fluida, segura e até prazerosa.
Retenção começa antes do “obrigado pela compra”
É um erro pensar que a fidelização começa depois da primeira venda. Ela começa na forma como o cliente se sentiu durante a compra, e o checkout é o clímax dessa experiência.
Imagine alguém que escolhe seu produto, passa minutos navegando com interesse, chega animado à etapa final… e trava. Não encontra o botão. Ou o sistema não reconhece o cartão. Ou exige cadastro extenso, com etapas repetitivas. Esse momento, que poderia ser de confirmação emocional, vira frustração. E o que a empresa talvez nem veja, porque só monitora cliques e conversão, é que perdeu mais do que receita: perdeu uma chance de construir vínculo.
Por isso, retenção é também engenharia. É pensar o processo de forma humana, mas sem perder a precisão técnica. É entender que checkout não é o fim da jornada, mas o início de algo mais valioso: a confiança do cliente.