Estudo também revela importante marca genética associada a desfechos graves da COVID-19
Um estudo conduzido por pesquisadores da UFRGS, também vinculados ao Instituto Nacional de Ancestralidade Genômica Brasileira (AncesGen), com participação de cientistas do projeto DNA do Brasil e do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, demonstrou que a ancestralidade genética deve ser considerada em abordagens de saúde, especialmente em um país miscigenado como o Brasil.
Publicado em julho de 2025 na prestigiada revista Scientific Reports, do grupo Springer Nature, o estudo revelou importante marca genética associada a desfechos graves da COVID-19. De acordo com a pesquisa, um genoma mitocondrial (mtDNA) específico, chamado de A2, característico de povos indígenas e seus descendentes, representaria um fator adicional de risco para mortalidade pela doença. A equipe analisou o mtDNA de 467 pacientes infectados pelo SARS-CoV-2, todos oriundos do Rio Grande do Sul.
Utilizando ferramentas inovadoras de bioinformática e aprendizado de máquina, os pesquisadores demonstraram, pela primeira vez, que o mtDNA A2 foi o único que, mesmo após o controle de fatores como idade, sexo e comorbidades, permaneceu estatisticamente associado a um maior risco de morte. “A presença de determinadas variantes mitocondriais pode intensificar a resposta inflamatória e agravar a COVID-19, ainda que não sejam, isoladamente, a causa da morte”, explica Gustavo Medina Tavares um dos autores do estudo, do Programa de Pós-Graduação em Genética e Biologia Molecular (PPGBM/UFRGS).
Embora fatores como idade avançada, sexo masculino, obesidade, hipertensão e diabetes continuem sendo os principais preditores de gravidade da COVID-19, o estudo demonstrou que a ancestralidade genética, e suas particularidades locais, também precisa ser levada em conta.