Em um cenário de apagões recorrentes e margens apertadas, seguro patrimonial passa de custo a ferramenta de resiliência para PMEs
Pequenos e médios estabelecimentos, como restaurantes, padarias, mercados e franquias, têm sofrido perdas crescentes em razão das constantes falhas no fornecimento de energia, que comprometem sistemas de refrigeração. Segundo dados da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em São Paulo (Abrasel), cerca de 2.800 negócios foram afetados durante o apagão de abril de abril deste ano, com prejuízo médio de R$ 18 mil em estoque perecível.
Felipe Conduta, vice-presidente da Conduta Plus, consultoria especializada em seguros de alta complexidade, destaca que o seguro patrimonial com coberturas específicas tem se consolidado como um ativo estratégico para pequenas e médias empresas que buscam maior resiliência diante de adversidades. “O aumento da frequência de eventos climáticos extremos e das quedas de energia reforça a importância dessa proteção”, afirma. O segmento de seguros empresariais compreensivos, que inclui o seguro patrimonial, registrou um crescimento nominal de aproximadamente 11,9% no primeiro trimestre de 2025, de acordo com dados do Boletim Susep.
Conduta destaca que a cobertura de Deterioração de Mercadorias Frigorificadas é essencial para comércios que operam com alimentos refrigerados, enquanto a de Danos Elétricos protege contra prejuízos causados por picos de energia, curtos-circuitos e oscilações em equipamentos. Já a cobertura de Lucros Cessantes garante indenização pela perda de receita quando a operação precisa ser interrompida.
Ele, porém, faz alertas importantes, sobretudo para os pequenos empreendedores. “Em muitos casos, a gestão financeira desses negócios é menos formalizada, o que pode dificultar a comprovação detalhada do lucro cessante e, consequentemente, comprometer o valor da indenização. Essa cobertura considera a perda do lucro bruto e pode incluir algumas despesas fixas, mas não contempla todas as perdas financeiras indiretas. Para comércios de menor porte, com margens reduzidas, isso pode resultar em uma cobertura apenas parcial do prejuízo real”, explica.
Conduta também reforça o papel fundamental do corretor no processo de contratação da apólice, assim como a importância de descrever com precisão os riscos envolvidos na operação da empresa nos formulários. “Quando a apólice não reflete fielmente os riscos do negócio, a seguradora pode recusar a indenização em caso de sinistro. Sem essa proteção, o empreendedor acaba arcando sozinho com os prejuízos e, em muitos casos, não consegue se reerguer”.
Seguro de Responsabilidade Civil: proteção jurídica para PMEs
Os seguros de Responsabilidade Civil (RC) vêm apresentando crescimento consistente dentro do portfólio das pequenas e médias empresas. Os setores que mais buscam esse tipo de seguro são os de maior exposição a riscos operacionais, legais e regulatórios, com destaque para os segmentos de comércio e serviços, que representam juntos cerca de 97% das PMEs seguradas com apólices de RC, segundo dados do relatório de mercado da Susep de abril de 2025.
O seguro D&O (Directors and Officers) também tem ganhado relevância entre as PMEs devido à maior exposição legal, protegendo executivos e administradores contra reclamações relacionadas a atos danosos no exercício da função, assim como a modalidade E&O (Errors and Omissions), indicada para empresas prestadoras de serviços que precisam garantir cobertura contra erros, omissões ou falhas profissionais.
“A responsabilidade civil passou a ser parte essencial da estratégia de proteção das PMEs e, muitas vezes, é o que separa a continuidade de uma operação da exposição a processos que podem inviabilizar o negócio”, finaliza Conduta.