Levantamento com dados da saúde suplementar mostra avanço de 307% nos registros e indica desafio crescente para o sistema de saúde
Às vésperas do início do verão, que começa no próximo sábado (21), um novo estudo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) acende um alerta sobre o avanço do câncer de pele no Brasil. Entre 2015 e 2024, os registros da doença entre beneficiários de planos de saúde mais que triplicaram, com aumento acumulado de 307,1% na taxa de casos por 100 mil beneficiários. Embora o trabalho se baseie em dados da saúde suplementar, o IESS destaca que a tendência observada funciona como um importante indicativo de um problema que afeta o conjunto da população brasileira, especialmente em um período marcado pelo aumento da exposição solar.
O estudo “Evolução do câncer de pele entre beneficiários de planos de saúde (2015-2024)” está disponível no site do IESS. Clique aqui para fazer o download.
“O início do verão reforça a atualidade desse debate. Os dados analisados refletem um fenômeno mais amplo, associado ao envelhecimento da população, ao efeito cumulativo da exposição solar – também uma consequência das mudanças climáticas –, à necessidade de diagnóstico cada vez mais precoce e à adoção de ações que estimulem a prevenção”, afirma José Cechin, superintendente executivo do IESS.
Diante do crescimento da doença entre beneficiários, o estudo aponta aumento relevante da pressão sobre a rede assistencial. A relação de casos por prestador de serviço de saúde cresceu 73,3% ao longo da série histórica, indicando maior concentração da demanda sobre a rede credenciada, especialmente dermatologistas e profissionais envolvidos no tratamento oncológico. “Espera-se que o mesmo efeito esteja ocorrendo no SUS”, observa Cechin.
A análise por faixa etária mostra que o avanço da doença é fortemente impulsionado pelo envelhecimento. Beneficiários com 60 anos ou mais apresentaram as maiores taxas em todos os anos analisados, alcançando 108,6 casos por 100 mil beneficiários em 2024, quase quatro vezes maior do que o patamar observado em 2015. Entre adultos de 40 a 59 anos, o crescimento também foi expressivo, enquanto a população com menos de 40 anos manteve taxas mais baixas.
Os resultados indicam ainda que, apesar de os homens apresentarem taxas absolutas mais elevadas, o crescimento proporcional foi praticamente idêntico entre homens e mulheres, o que sugere que os fatores que impulsionam o aumento — ambientais, comportamentais e relacionados ao diagnóstico — atuam de forma semelhante nos dois sexos.
“O estudo mostra que não se trata de um fenômeno pontual ou restrito a um grupo específico. O crescimento é consistente e contínuo ao longo do período analisado, o que reforça a importância de políticas estruturadas de prevenção, especialmente em períodos como o verão, quando a exposição solar tende a aumentar”, destaca Cechin.
O levantamento também identifica impacto da pandemia de Covid-19 sobre os registros, com desaceleração em 2020 e retomada acelerada nos anos seguintes, interpretada como “efeito rebote” de diagnósticos postergados.
Para o IESS, os resultados reforçam a necessidade de ações permanentes de educação em saúde, fotoproteção, vigilância clínica e diagnóstico precoce. Estimativas internacionais citadas no estudo indicam que até 90% dos casos de câncer de pele podem ser evitados com medidas adequadas de prevenção.
