A diretoria agora olha para os próximos dez anos com objetivos ambiciosos
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais de 90% das empresas no Brasil são familiares, mas poucas conseguem seguir por várias gerações. Segundo o estudo, apenas 30% chegam à segunda geração, e menos de 5% à terceira. Isso acontece porque, muitas vezes, a troca de liderança dentro da própria família não é planejada e acaba gerando conflitos.
A Ghelere Transportes, que atua há mais de 40 anos no setor de logística, é um exemplo de como esse processo pode dar certo. A empresa conseguiu fazer a sucessão entre pai e filhos de forma estruturada e, ao mesmo tempo, profissionalizou a gestão para crescer com organização e visão de futuro.
A troca de comando ocorreu de forma oficial em 2015, mas foi sendo construída aos poucos, ao longo de sete anos. O fundador decidiu que queria se afastar da rotina da empresa entre os 60 e 65 anos e, com isso, o processo de transição foi sendo feito gradualmente. Segundo Eduardo Ghelere, CEO da empresa, no início, houve muitas diferenças de opinião entre as gerações e a empresa contou com a ajuda de consultores externos para facilitar esse movimento.
Durante esse tempo, a Ghelere passou por mudanças importantes. Foram criados novos departamentos, como Qualidade, Segurança e Marketing. A contabilidade e o setor fiscal passaram a ser feitos internamente, o que ajudou a empresa a ter respostas mais rápidas na tomada de decisões.
Além disso, a Ghelere investiu em sistemas de gestão mais modernos, formou uma diretoria e contratou profissionais de fora, como por exemplo um CFO com experiência de mercado, para trazer novos olhares ao negócio. “Foi um passo importante para o amadurecimento da empresa. Deixamos para trás algumas práticas comuns em empresas familiares, como misturar as contas pessoais com as da empresa, e passamos a trabalhar com mais planejamento e organização”, conta o gestor.
Para Ghelere, um dos maiores acertos da empresa foi aprender a dizer não. “Recusamos operações que não eram rentáveis ou com clientes que não cumpriam o que foi combinado. Isso é difícil, ninguém quer perder faturamento. Mas é essencial quando se tem um planejamento claro e se pensa no longo prazo”.
Com a empresa organizada, a diretoria agora olha para os próximos dez anos com objetivos ambiciosos. A Ghelere quer crescer ainda mais, tanto com novos clientes quanto com a compra de outras empresas menores. Um dos planos é abrir capital no futuro, o que exige uma estrutura muito sólida e transparente.
